terça-feira, 21 de março de 2023

Grandes Mulheres: Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz

 in: https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Galhoz,_Maria_Aliete

Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz


Desde estudante que se dedicou à pesquisa literária, tendo colaborado com Lindley Cintra no Centro de Estudos Filológicos, e com Viegas Guerreiro no Centro de Estudos Geográficos. Ensaísta e incansável investigadora, é autora de numerosos estudos sobre poesia e poetas portugueses, com destaque para Fernando Pessoa. Do seu currículo faz também parte a pesquisa sobre literatura popular portuguesa, estando ligada ao Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa.

Fez a recolha e transcrição de textos da primeira versão impressa do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. É responsável pela organização, texto introdutório e notas de diversas edições brasileiras da Obra Poética de Pessoa. Organizou, em 1985, uma antologia de Fernando Pessoa na colecção "Poetas" da editora Presença.
In: Arquivo da Cultura Portuguesa contemporânea
Sobre a sua poesia afirma Luiz Fagundes Duarte: "conjuga formas tradicionais de poesia popular com recursos imagéticos e discursivos próprios da poesia culta e refinada, o que tem como resultado a produção de um ritmo altamente melódico e até encantatório...".
Foi investigadora no Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Participou com comunicações em inúmeros encontros literários, seminários e colóquios, designadamente nas áreas dos estudos pessoanos e da literatura de transmissão oral. Tem vasta colaboração com ensaios críticos em actas de congressos e publicações periódicas como Colóquio-Letras, Boletim de Filologia do Centro de Estudos Filológicos, O Tempo e o Modo, Nova Renascença, página literária do Diário de Notícias e suplemento "Cultura e Arte" de O Comércio do Porto. Era membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade da Língua Portuguesa, da Associação Internacional de Lusitanistas, da Associação Internacional de Críticos e da Associação Internacional de Literatura Comparada. Autora da nota a "Portel, Terra Transtagana" Poemas de Francisco Padeira, edição da Junta de Freguesia de Portel.
A 18 de maio de 1999, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
In: Wikipedia


Cultura: o poeta Ibn Darraj Al-Qastalli

 in: https://www.google.com/search?sa=X&rlz=1C1GCEV_enPT821PT822&q=Ibn+Darraj+Al-Qastalli&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVeLWT9c3NDLKSzaqMDUSKMhPLUksVkjMSU8sKsvMLz7FCJW3TKo0ToPxDMpM8-LLTzFy6ufqG1ikJGfkwmQMCwpT8srhuorKKjPS4TyTqoI0OM_QMrcoOQfOK6sorKiAmphsWF5cdYqRFyRjmG5gkJNUZZwCt7vCoDwZ7hLDihSDLAu4DWBfPGJsYuIWePnjnrDUD8ZJa05eY_zIyCXgk59fnJpTGZSak1iSmhKSL2TJxeaaV5JZUinEK8XNBbbYMD3dwkRKQYmL91KtgJjomZuuv7WEON-fvxj6LoSVV9CVb6KQXuqjBiFXLu7g1JKQfN_8lMy0SiEzIRMuTt_U3KTUomL_NCFlLi7n_Jyc1OSSzPw8IVEpYS5B_WS4gD4oiIutmDSYlCKN3HZdmnaOzUGQAQjOtAY7SGloCXKxueTnJmbmCUZ6_rQvvvveXkuYiyMksSI_Lz-3UvC72W97pivv7ZU4OYF6GlSmA-UZJjAxNu1bcYiNg4NRgMGIiYOhioFnEauYZ1KegktiUVFiloJjjm5gYnFJYk5O5gQ2RgBX9M3m9wEAAA&lei=8KQZZK7tIfGU9u8P5_20-AU#imgrc=w7ydpseIadzxTM%253A


Ibn Darraj Al-Qastalli

Ibn Darrāj al-Qastallī (958-1008) é dos primeiros poetas luso-árabes de que há registo. Nascido em Cacela (Algarve), o seu elevado estatuto enquanto poeta (ao serviço de Almançor) permitiu-lhe viajar por terras do al-Andalus (Córdova, Santiago de Compostela, Valência, Denia, Saragoça) e do Magrebe (Ceuta). Com cerca de trinta anos, viaja de Cacela rumo a Córdova com o objectivo de conseguir afirmar-se como poeta de Corte, projecto que lhe proporcionaria fazer muitas outras viagens. Depois de avaliado o seu talento como poeta, Ibn Darrāj entra ao serviço de Almançor, tornando-se poeta do Estado Amirida. A sua poesia e as suas cartas, das quais restam apenas fragmentos, demonstram a importância das suas viagens no al-Andalus e no Norte de África, tendo contribuído para a propaganda das batalhas de Almançor. Como afirma Ahmed Tahiri, a partir dos biógrafos do poeta e de outro estudos, foi a partir de então que Ibn Darraj compôs poemas panegíricos sobre Almançor, exaltando as suas virtudes, não prescindindo de o acompanhar na suas guerras e incursões (Tahiri, 2009:78). O poema traduzido por Adalberto Alves veicula o espírito de aventura e a determinação de Ibn Darrāj, mostrando que nem a família o demoveria: “ensinaram-me a temer longas viagens,/mas são o meio de beijar a mão de Almançor./[…] nem meu filho das entranhas/fizeram que desistisse/e na ânsia da viagem/eis que, por fim,/eu parti” (Alves, 1999:158). Ibn Darrāj al-Qatallī foi comparado, ainda em vida, com o poeta al-Mutanabbī; daí a alcunha “al-Mutanabbī do Ocidente”. Na sequência da função como poeta da Corte, a sua antologia, para além da temática floral, trata essencialmente das campanhas militares empreendidas por Almançor, e, após a morte deste último, Ibn Darrāj al-Qastallī continuou ao serviço do Estado Amirida junto de Abd al-Malik. O poeta foi um dos grandes viajantes medievais do Gharb al-Andalus devido à posição que ocupava na Corte, confessando, através da sua escrita, as adversidades e dificuldades que enfrentara ao viajar: “tive, em vez de uma longa vida de doçura,/a travessia de vales e montes lamacentos;/em vez de noites breves sob véus/o temor da viagem no seio de infindável treva;/em vez de água límpida sob sombras/o fogo das entranhas queimadas pela sede;/em vez do perfume errante das flores/o hálito esbraseado do meio-dia;/em vez da intimidade entre ama e amiga/a rota nocturna cercado de lobos e de génios/em vez do espectáculo dum rosto gracioso/desgraças suportadas com nobre constância” (Alves, 1999:161).

Bibliografia Adalberto Alves, O Meu Coração É Árabe, 1999; Ahmed Tahiri, Cacela e o seu Poeta Ibn Darraj al-Qastalli na História e Literatura do Al-Andalus, 2009.

Natália M. Lopes Nunes



Grandes Mulheres: Lutegarda Guimarães de Caires

 in: https://fem.org.pt/lutegarda-guimaraes-de-caires/


Lutegarda Guimarães de Caires (17/11/1858[4], Vila Real de Santo António; 30/03/1935, Lisboa)

Escritora, socióloga, ativista dos direitos das mulheres e crianças e filantropa, deve-se a Lutegarda Guimarães de Caires (1858-1935) a existência de o Natal dos Hospitais, obra de intervenção social que perdura. Nasceu no Algarve, em Vila Real de Santo António. Casou e enviuvou cedo e perde a sua filha na infância, tragédias que vão ser tema recorrente na sua obra literária. Já a viver em Lisboa conhece João de Caires, natural da Madeira, com quem casa e que acompanha para Óbidos, quando ali é colocado como juiz e, depois para Alcobaça, onde nasce o filho Álvaro Guimarães de Caires, a 5 de abril de 1895.

Fruto da sua formação voltada para as artes com destaque para a interpretação musical e poesia, é uma figura com destaque na cena cultural do seu tempo, gostos que partilha com o marido, sendo anfitriões de saraus literários regulares. Defende o alargamento dos direitos civis das mulheres, nomeadamente, que dispusessem dos seus bens após o casamento, e os direitos políticos das mulheres instruídas, ideias que propugna em palestras e em artigos que publica a partir de 1905[5]. Embora defensora da monarquia constitucional, em 1911, é convidada pelo ministro da Justiça republicano, Diogo Leonte, a propor melhorias de caráter social tendo, neste âmbito, realizado estudos e proposto reformas com destaque para a melhoria das condições higiénicas das mulheres nas prisões.

Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998). Era visita regular do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde ofertava às crianças internadas brinquedos, doces e roupas que confecionava. Esta terá sido a génese do Natal das Crianças dos Hospitais, que funda, em 1924, posteriormente alargado a todas as pessoas hospitalizadas (Simeão, 2005).

Fruto das emissões televisivas, o Natal dos Hospitais vem a tornar-se um acontecimento nacional, símbolo de generosidade. Lutegarda faleceu em Lisboa, na sua residência (Av. da Liberdade, 53, 1.º drt.), sendo sepultada em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa[6].

“Tornei a ver te! Agora os meus cabelos
embranqueceram já... longe de ti.
Foram-se há muito aspirações e anelos
mas as saudades ainda as não perdi.

Mas volto à minha terra, tão bonita!
Terra onde reina o sol que resplandece,
aonde a vaga é murmurar de prece
e sinto ainda a ternura infinita.

É que não há céu de tal 'splendor
nem rio azul tão belo e prateado
como o Guadiana, o meu rio encantado
de mansas águas, suspirando amor!”

— Lutegarda Guimarães de Caires

Cultura: Cândido Guerreiro

 in: https://www.cm-loule.pt/pt/385/candido-guerreiro.aspx

CÂNDIDO GUERREIRO



Nasceu em Alte em 1871 e faleceu em Lisboa em 1953. Foi advogado, poeta e dramaturgo.

Depois de frequentar o Liceu e o Seminário em Faro, experimentou vários empregos. Cedo se apercebeu que o sacerdócio não era a sua vocação.

Foi redactor do semanário “O Algarvio”, em Loulé, e em Beja dirigiu a Casa Pia.

Aos 31 anos ingressou na Faculdade de Direito em Coimbra, sendo já reconhecido pela sua veia poética. Cinco anos depois, regressou à sua terra natal, onde foi recebido com grande aclamação por ter sido o primeiro altense a tirar um curso universitário. Tentou a prática forense em Loulé, sem grande êxito, passando depois a exercer funções de Notário. Entretanto foi Presidente da Câmara Municipal, período em que a Vila de Loulé conheceu grande progresso.

Em 1923 foi residir para Faro, onde trabalhou como Notário da Comarca.

Obras principais:Rosas Desfolhadas (1895)Pétalas (1897)Ave-Maria (1900)Balada (1903)Sonetos (1904)Eros (1907)Glicínias (1925)Promontório Sacro (1929)Em Forli (1931)Rainha Santa (1934)Auto das Rosas de Santa Maria (1940)Às Tuas Misericordiosas (1945)Sulamitis (1947)Avante e Santiago (1949)Uma Promessa (1950)Sonetos e Outros Poemas (1972) edição póstuma

A poesia de Cândido Guerreiro espelha a afectividade que o Poeta tinha à terra que o viu nascer. Com um vasto leque de temas (filosóficos, picturais, eróticos, lendários, históricos e bíblicos), Francisco Xavier Cândido Guerreiro nunca esqueceu as suas origens árabes e os seus ideais helénicos. É no soneto que encontra a forma ideal para a sua poesia luminosa e musical.

AL-HAMBRAS"Costa algarvia... Fogo e sangue-argilaDe que Deus extraiu essa mancheiaCom que fez carne e a insuflou ideiaCerta manhã genésica e tranquila...Costa algarvia... Pinheirais, areiaQue a gente pisa, e brota uma cintila,E o nosso andar parece que rutila,Quando o poente ao largo se incendeia...E torres de almenaras, destas grutas,Em vez de fumo leve espiralandoDestas varandas, plintos, colunatasDe capitéis floridos de volutas,Sobem às vezes, de repente e em bando,Pombas bravas, cinzentas, timoratas..."In, Sonetos e Outros Poemas

 


Cultura: António Aleixo

 in: https://fundacaoantonioaleixo.com/antonio-aleixo/

O poeta António Aleixo, cauteleiro e guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé, é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.



Gentileza do pintor Luís Furtado, por acasião do 13º aniversário da Fundação António Aleixo

Embora não totalmente analfabeto – sabe ler e tem lido meia dúzia de bons livros – não é capaz, porem, de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe dá certamente qualificação para poder ser considerado um poeta culto.

Todavia, há nos versos que constituem este livro uma correcção de linguagem e, sobretudo, uma expressão concisa e original de uma amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida, que não deixam de impressionar.
Além disso, o tom sentencioso da maior parte das quadras que se reuniram e o facto de serem produto de uma espontaneidade, quase inacreditável para quem não conheça pessoalmente o poeta, justificam suficientemente a tentativa de dar a conhecer e de registar, em livro, uma inspiração raríssima, que seria injusto não divulgar.

António Aleixo compõe e improvisa nas mais diversas situações e oportunidades. Umas vezes cantando numa feira ou festa de aldeia, outras a pedido de amigos que lhe beliscam a veia; ora aproveitando traços caricaturais de pessoas conhecidas, ora sugestionando por uma conversa de tom mais elevado e a cuja altura sobe facilmente. De todas as maneiras, passeando, sozinho, a guardar umas cabras ou a fazer circular as cautelas de lotaria – sua mais habitual ocupação – ou acompanhado por amigos, numa ceia ou num café, o poeta está presente e alerta e lá vem a quadra ou sextilha a fixar um pensamento, a finalizar uma discussão, a apreciar um dito ou a refinar uma troça. E a forma é lapidar, o conceito incisivo e o vocabulário justo e preciso.
Os motivos e temas de inspiração são bastante variados. Note-se, porém, que não fere, com a habitual pieguice sentimental lusitana, a nota amorosa. E isto é bastante singular; uma ou outra pequena composição com esse carácter lírico foi quase sempre, de certeza, de inspiração alheia ou a pedido de qualquer moço amigo.

O que caracteriza a poesia de António Aleixo é o tom dorido, irónico, um pouco puritano de moralista, com que aprecia os acontecimentos e as acções dos homens. E, no fundo, muito embora não seja um revoltado, é a chaga aberta de um sofrimento íntimo, provocado por certas injustiças, a fonte dos seus desabafos. Com efeito, não pode ser mais pessoal e mais subtilmente dada a dor de um homem que tem mulher e filhos a sustentar com o mísero ganho de meia dúzia de cautelas por semana e vê todos os dias ir morrendo, sem possibilidade de assistência cuidada, uma filha tuberculosa:

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

Primavera de 1943
Joaquim Magalhães

(...)

Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
– Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.

Mesmo que te julguem mouco
Esses que são teus iguais,
Ouve muito e fala pouco:
Nunca darás troco a mais!

Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.

Se te censuram, estás bem,
P’ra que a sorte te perdure;
Mal de ti quando ninguém
Te inveje nem te censure!


Cultura: João Lúcio

 

in: https://elosclubetavira.blogs.sapo.pt/69873.html

Outubro 26 2010

 

 

João Lúcio

 

Sensações desconhecidas

 

Há tanta sensação que não conheço,

tanto vibrar de nervos que não sinto;

e, contudo, parece que os pressinto,

apesar de ver quer os desconheço

 

A sensação que tem, à noite, o ar,

Quando o orvalho o toca, aos beijos de água

é, porventura, irmã daquela mágoa

que sente, quando chora, o meu olhar?!

 

Tem, porventura, alguma semelhança

a sensação de um cravo numa trança

com a ânsia de quem morre afogado?

 

E fico-me a pensar: que sentirá

uma vidraça quando a luz do sol lhe dá

e a rasga a mão da luz, de lado a lado?...

 

___________________________________

 

João Lúcio Pousão Pereira, (Olhão, 4.Julho.18810; 26.Outubro.1918) vulgarmente relegado para a categoria de poeta local, mas especialmente devido à sua obra O Meu Algarve, esteve, porém, à altura dos grandes nomes da Renascença Portuguesa, embora o seu voluntário afastamento dos grandes centros culturais do país tenha contribuído para tais definições limitadoras.

 

Começou com apenas 12 anos a publicar os seus primeiros versos (no extinto periódico O Olhanense). Enquanto estudante no Liceu de Faro, fundou e dirigiu um jornal literário intitulado O Echo da Academia. Foi depois para Coimbra estudar Direito, onde conhecerá e se tornará amigo de figuras brilhantes como Teixeira de Pascoaes, Augusto de Castro, Alfredo Pimenta, Afonso Lopes Vieira, Fausto Guedes Teixeira e Augusto Gil. João Lúcio colabora com poesias suas em diversos jornais e revistas literárias nacionais (fundando inclusive, em 1899, um quinzenário intitulado O Reyno do Algarve), até conseguir, em 1901, publicar o seu primeiro livro, Descendo, aclamado com louvor pela crítica da época.

 

Regressando a Olhão em 1902, João Lúcio torna-se um advogado famoso, dados os seus dotes argumentativos e orais. As salas de tribunais enchiam, e ainda hoje, é considerado como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre.

 

É então que o poeta, monárquico, se torna editor literário do semanário farense O Sul, jornal ligado ao Partido Regenerador Liberal de João Franco, em cujas listas concorre e ganha um lugar, em 1906, para a Câmara dos Deputados, e foi, embora num curto período, Presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal de Olhão. Entretanto, em 1905, publicara O Meu Algarve, obra que acaba por imortalizar João Lúcio como um dos maiores vultos da poesia algarvia.

 

Com a instauração da República, o poeta abandona a política e decide viajar com a sua família pela Europa, tendo publicado, em 1913, Na Asa do Sonho. Provavelmente inspirado pelas suas viagens, João Lúcio projecta então um chalé completamente original, no isolamento dos Pinheiros de Marim, nos arredores de Olhão, para onde pensava retirar-se depois de abandonar a advocacia, a fim de buscar a inspiração para a sua poesia.

 

O isolamento espiritual numa Torre de Marfim seria a finalidade do poeta, que teria mandado construir o chalé entre 1914 e 1916. Actualmente, o chalé serve de instalações à Ecoteca de Olhão, conservando alguns objectos pessoais do poeta e documentação variada.

 

 Em 1914, o poeta aceitava o convite de Teixeira de Pascoaes, para se associar à Renascença Portuguesa, tendo publicado um único poema na revista A Águia.

 

Em Agosto de 1918, João Lúcio decide ir habitar o chalé com a sua família, apesar de este se encontrar ainda inacabado. É aí mesmo que vem a contrair o fatídico vírus da pneumónica que assolou a região, e que lhe acabaria por ceifar a vida com apenas 38 anos de idade.

 

Postumamente, em 1921, foi publicado o livro de poemas Espalhando Fantasmas.

 

Luís de Melo e Horta

Cultura: poetas populares algarvios.

 

in: https://rumoaonossosul.blogs.sapo.pt/algumas-quadras-populares-de-poetas-152181

Algumas Quadras Populares de poetas algarvios

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 .

Ora loira, ora morena,
tanto te mudas, te pintas
que talvez te valha a pena
um marido “troca tintas”.

António Santos

...
Ó alcachofra, Deus queira,
Por amor de nós, os dois,
Que tu morras na fogueira
E ressuscites depois.

Emiliano da Costa

...
Quem me dera ver-te doido
- Duvidas ?... Pois é assim –
Quem dera ver-te doido,
Mas doido de amor por mim.

Maria de Marim Marques

..
Nas voltas tontas do mundo
Mais tonta coisa não vi,
Tu, tonta, à roda dum mastro,
E eu, à roda de ti!...

Armando de Miranda

...
Eu sei que gostas de mim,
Embora digas que não:
A boca nem sempre diz
O que sente o coração.

Isidoro Pires

Berta Isla - Javier Marías

Finalistas

 Aqui ficam algumas  mensagens que a Biblioteca humana entregou aos finalistas do 12.ºano.