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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Tradições

  Tradição do Dia da  Espiga  


 A professora  Aurélia Farrajota ,em colaboração com  os alunos do CAA e da Biblioteca , relembrou a tradição  do Dia da Espiga. Conhecer a história e o simbolismo desta data permite-nos construir o presente , alicerçado nas tradições. 




segunda-feira, 29 de abril de 2024

Os Maios

Os Maios /Maias

Reviver a tradição algarvia na Esla com a presença da Maria Albertina das Couves e Joaquim das Hortas 

  O dia 1 de maio é o Dia do trabalhador, no entanto esta data também é conhecida em Portugal como o Dia dos (as)  Maios /Maias, celebração popular que ocorre em diversas regiões do país, incluindo o Algarve, essencialmente no meio rural. Esta tradição é muito antiga e consiste em enfeitar as janelas e portas com giestas amarelas de 30 de abril para o 1 de maio. Este costume simbolizava as boas - vindas à primavera, às flores e às sementeiras do campo. A tradição dos Maios ou Maias ainda não se perdeu completamente no Algarve. Atualmente, no dia um de maio, bonecos  ou bonecas de tamanho natural,   feitos  pela população, cheios com palha, trapos ou jornais e vestidos com roupa usada  e acompanhados de cestos ou ramos de flores,  são colocados junto às estradas ou nas portas das casas em algumas zonas do interior do Algarve. Estas são acompanhadas de versos com alguma ironia ou crítica social e provocam umas boas risadas. É possível encontrar e apreciar esta tradição em algumas zonas do interior algarvio ou junto à EN 125, por exemplo, em Estoi, (Faro), Alte (Loulé), Odeleite (Castro Marim), Santa Rita (Vila Real de Santo António), Olhão e Lagos.  Para melhor conhecer esta tradição, a professora Aurélia Farrajota em colaboração com a Biblioteca da Esla  convida  toda a comunidade escolar a reviver este dia na companhia da Maria Albertina das Couves e do seu marido Joaquim das Hortas. Foi recriada a  tradição que  manda "Atacar o Maio" onde não faltaram  os figos secos,   acompanhados pela  aguardente de medronho. A caracolada à algarvia e o Xarém também estiveram presentes, assim como o acordeão para animar o dia. Que esta tradição nos inspire a apreciar a beleza da natureza e a importância de preservar as nossas tradições culturais. Para não perder estes costumes antigos e para as gerações mais novas conhecerem, o melhor é visitarem a Biblioteca da Esla.

 Maria Albertina das Couves e Joaquim das Couves



quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

quinta-feira, 4 de maio de 2023

1º de Maio

É tradição em França oferecer o "Muguet" neste dia, para desejar felicidade.



  "Des petits brins de Muguet, plein de bonheur à tous!" La classe de 9ème E (SELF).
(docente Maria Manuela Encarnação)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

1º maio

 As turmas  11ºJ e J1, fazendo companhia à  D. Maria Albertina das Couves.





1º de Maio (tradição popular)

 1º de Maio (tradição popular)

Os Maios /Maias


Os Maios /Maias

Reviver a tradição algarvia na Esla

 

 O dia 1 de maio é o Dia do trabalhador, no entanto esta data também é conhecida em Portugal como o Dia dos (as) Maios/Maias, celebração popular que ocorre em diversas regiões do país, incluindo o Algarve, essencialmente no meio rural. Esta tradição é muito antiga e consiste em enfeitar as janelas e portas com giestas amarelas de 30 de abril para o 1 de maio. Este costume simbolizava as boas - vindas à primavera, às flores e às sementeiras do campo. Em tempos passados, no início de maio, as moças jovens vestiam-se de branco, decoravam a cabeça com uma bela coroa de flores e sentavam-se às portas das casas ou nas açoteias e em torno delas os rapazes cantavam e dançavam, acompanhados por instrumentos musicais tradicionais, como a viola e o acordeão.  As raparigas não deveriam sorrir, nem pestanejar e eram chamadas de Maias. Os rapazes tinham o objetivo de fazer a Maia sorrir. Nos dias de hoje os mais antigos costumam dizer em relação a uma pessoa muito parada, que parece um Maio ou Maia. Tempos mais tarde, a Maia passou a ser substituída e personificada por uma boneca ou boneco de tamanho natural,   feita artesanalmente, cheios com palha, trapos ou jornais e vestidos com roupa usada. São feitos pelas populações com simplicidade e acompanhados de cestos ou ramos de flores, que são colocados junto às estradas ou nas portas das casas em algumas zonas do interior do Algarve. Estas são acompanhadas de versos com alguma ironia ou critica social e provocam umas boas risadas. A tradição dos Maios ou Maias ainda não se perdeu completamente no Algarve. É possível encontrar e apreciar esta tradição em algumas zonas do interior algarvio ou junto à EN 125, por exemplo, em Estoi, (Faro), Alte (Loulé), Odeleite (Castro Marim), Santa Rita (Vila Real de Sto António), Olhão ou Lagos.

Para não perder estes costumes antigos e para as gerações mais novas conhecerem, o melhor é visitarem a Biblioteca da Esla. Uma Maia espera por vós.

 Maria Albertina das Couves.




quinta-feira, 27 de abril de 2023

 1º de Maio (tradição popular)

A Biblioteca Escolar  e a docente Aurélia Farrajota vêm convidar a comunidade escolar a visitar a tradição popular do dia 1º de maio Algarvio.

A maia Maria Albertina dá a conhecer este dia: atividades do passado,gastronomia típica e alguns objetos do dia a dia.

Visitem-nos!!!!!!



quinta-feira, 20 de abril de 2023

Questão para Reflexão sobre o Património

Portugal é uma nação com quase 900 anos de história. Durante muitos séculos, Portugal assumiu-se

como uma potência colonizadora com domínios na África, na América e na Ásia. Ainda hoje, é possível

encontrar, espalhados pelos museus nacionais, vários vestígios do passado colonial português.


• Achas que Portugal deve devolver eventuais peças ou objetos retirados das antigas colónias?

Clica no link ou seleciona o QR code e participa no debate no site KIALO: 

https://www.kialo-edu.com/p/b545eba6-bf99-43d0-ae24-b8b1059b167e/105430

 Apresenta um argumento a favor (+) ou contra (-) a restituição de peças ou objetos retirados das antigas colónias portuguesas.

Desafio do Património. 3 respostas certas dão direito a 3 rebuçadas.


 

Desafio do Património. 3 respostas certas dão direito a 3 rebuçados.

 


Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

 

No passado dia 18 de abril, comemorou-se o dia  Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Para assinalar a data partilhamos o testemunho da jornalista e apresentadora de televisão Paula Moura Pinheiro no seminário "Património de Proximidade e Educação" (2022).


“Se soubermos olhar e ver as pedras contam-nos histórias”

terça-feira, 21 de março de 2023

Grandes Mulheres: Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz

 in: https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Galhoz,_Maria_Aliete

Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz


Desde estudante que se dedicou à pesquisa literária, tendo colaborado com Lindley Cintra no Centro de Estudos Filológicos, e com Viegas Guerreiro no Centro de Estudos Geográficos. Ensaísta e incansável investigadora, é autora de numerosos estudos sobre poesia e poetas portugueses, com destaque para Fernando Pessoa. Do seu currículo faz também parte a pesquisa sobre literatura popular portuguesa, estando ligada ao Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa.

Fez a recolha e transcrição de textos da primeira versão impressa do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. É responsável pela organização, texto introdutório e notas de diversas edições brasileiras da Obra Poética de Pessoa. Organizou, em 1985, uma antologia de Fernando Pessoa na colecção "Poetas" da editora Presença.
In: Arquivo da Cultura Portuguesa contemporânea
Sobre a sua poesia afirma Luiz Fagundes Duarte: "conjuga formas tradicionais de poesia popular com recursos imagéticos e discursivos próprios da poesia culta e refinada, o que tem como resultado a produção de um ritmo altamente melódico e até encantatório...".
Foi investigadora no Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Participou com comunicações em inúmeros encontros literários, seminários e colóquios, designadamente nas áreas dos estudos pessoanos e da literatura de transmissão oral. Tem vasta colaboração com ensaios críticos em actas de congressos e publicações periódicas como Colóquio-Letras, Boletim de Filologia do Centro de Estudos Filológicos, O Tempo e o Modo, Nova Renascença, página literária do Diário de Notícias e suplemento "Cultura e Arte" de O Comércio do Porto. Era membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade da Língua Portuguesa, da Associação Internacional de Lusitanistas, da Associação Internacional de Críticos e da Associação Internacional de Literatura Comparada. Autora da nota a "Portel, Terra Transtagana" Poemas de Francisco Padeira, edição da Junta de Freguesia de Portel.
A 18 de maio de 1999, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
In: Wikipedia


Cultura: o poeta Ibn Darraj Al-Qastalli

 in: https://www.google.com/search?sa=X&rlz=1C1GCEV_enPT821PT822&q=Ibn+Darraj+Al-Qastalli&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVeLWT9c3NDLKSzaqMDUSKMhPLUksVkjMSU8sKsvMLz7FCJW3TKo0ToPxDMpM8-LLTzFy6ufqG1ikJGfkwmQMCwpT8srhuorKKjPS4TyTqoI0OM_QMrcoOQfOK6sorKiAmphsWF5cdYqRFyRjmG5gkJNUZZwCt7vCoDwZ7hLDihSDLAu4DWBfPGJsYuIWePnjnrDUD8ZJa05eY_zIyCXgk59fnJpTGZSak1iSmhKSL2TJxeaaV5JZUinEK8XNBbbYMD3dwkRKQYmL91KtgJjomZuuv7WEON-fvxj6LoSVV9CVb6KQXuqjBiFXLu7g1JKQfN_8lMy0SiEzIRMuTt_U3KTUomL_NCFlLi7n_Jyc1OSSzPw8IVEpYS5B_WS4gD4oiIutmDSYlCKN3HZdmnaOzUGQAQjOtAY7SGloCXKxueTnJmbmCUZ6_rQvvvveXkuYiyMksSI_Lz-3UvC72W97pivv7ZU4OYF6GlSmA-UZJjAxNu1bcYiNg4NRgMGIiYOhioFnEauYZ1KegktiUVFiloJjjm5gYnFJYk5O5gQ2RgBX9M3m9wEAAA&lei=8KQZZK7tIfGU9u8P5_20-AU#imgrc=w7ydpseIadzxTM%253A


Ibn Darraj Al-Qastalli

Ibn Darrāj al-Qastallī (958-1008) é dos primeiros poetas luso-árabes de que há registo. Nascido em Cacela (Algarve), o seu elevado estatuto enquanto poeta (ao serviço de Almançor) permitiu-lhe viajar por terras do al-Andalus (Córdova, Santiago de Compostela, Valência, Denia, Saragoça) e do Magrebe (Ceuta). Com cerca de trinta anos, viaja de Cacela rumo a Córdova com o objectivo de conseguir afirmar-se como poeta de Corte, projecto que lhe proporcionaria fazer muitas outras viagens. Depois de avaliado o seu talento como poeta, Ibn Darrāj entra ao serviço de Almançor, tornando-se poeta do Estado Amirida. A sua poesia e as suas cartas, das quais restam apenas fragmentos, demonstram a importância das suas viagens no al-Andalus e no Norte de África, tendo contribuído para a propaganda das batalhas de Almançor. Como afirma Ahmed Tahiri, a partir dos biógrafos do poeta e de outro estudos, foi a partir de então que Ibn Darraj compôs poemas panegíricos sobre Almançor, exaltando as suas virtudes, não prescindindo de o acompanhar na suas guerras e incursões (Tahiri, 2009:78). O poema traduzido por Adalberto Alves veicula o espírito de aventura e a determinação de Ibn Darrāj, mostrando que nem a família o demoveria: “ensinaram-me a temer longas viagens,/mas são o meio de beijar a mão de Almançor./[…] nem meu filho das entranhas/fizeram que desistisse/e na ânsia da viagem/eis que, por fim,/eu parti” (Alves, 1999:158). Ibn Darrāj al-Qatallī foi comparado, ainda em vida, com o poeta al-Mutanabbī; daí a alcunha “al-Mutanabbī do Ocidente”. Na sequência da função como poeta da Corte, a sua antologia, para além da temática floral, trata essencialmente das campanhas militares empreendidas por Almançor, e, após a morte deste último, Ibn Darrāj al-Qastallī continuou ao serviço do Estado Amirida junto de Abd al-Malik. O poeta foi um dos grandes viajantes medievais do Gharb al-Andalus devido à posição que ocupava na Corte, confessando, através da sua escrita, as adversidades e dificuldades que enfrentara ao viajar: “tive, em vez de uma longa vida de doçura,/a travessia de vales e montes lamacentos;/em vez de noites breves sob véus/o temor da viagem no seio de infindável treva;/em vez de água límpida sob sombras/o fogo das entranhas queimadas pela sede;/em vez do perfume errante das flores/o hálito esbraseado do meio-dia;/em vez da intimidade entre ama e amiga/a rota nocturna cercado de lobos e de génios/em vez do espectáculo dum rosto gracioso/desgraças suportadas com nobre constância” (Alves, 1999:161).

Bibliografia Adalberto Alves, O Meu Coração É Árabe, 1999; Ahmed Tahiri, Cacela e o seu Poeta Ibn Darraj al-Qastalli na História e Literatura do Al-Andalus, 2009.

Natália M. Lopes Nunes



Grandes Mulheres: Lutegarda Guimarães de Caires

 in: https://fem.org.pt/lutegarda-guimaraes-de-caires/


Lutegarda Guimarães de Caires (17/11/1858[4], Vila Real de Santo António; 30/03/1935, Lisboa)

Escritora, socióloga, ativista dos direitos das mulheres e crianças e filantropa, deve-se a Lutegarda Guimarães de Caires (1858-1935) a existência de o Natal dos Hospitais, obra de intervenção social que perdura. Nasceu no Algarve, em Vila Real de Santo António. Casou e enviuvou cedo e perde a sua filha na infância, tragédias que vão ser tema recorrente na sua obra literária. Já a viver em Lisboa conhece João de Caires, natural da Madeira, com quem casa e que acompanha para Óbidos, quando ali é colocado como juiz e, depois para Alcobaça, onde nasce o filho Álvaro Guimarães de Caires, a 5 de abril de 1895.

Fruto da sua formação voltada para as artes com destaque para a interpretação musical e poesia, é uma figura com destaque na cena cultural do seu tempo, gostos que partilha com o marido, sendo anfitriões de saraus literários regulares. Defende o alargamento dos direitos civis das mulheres, nomeadamente, que dispusessem dos seus bens após o casamento, e os direitos políticos das mulheres instruídas, ideias que propugna em palestras e em artigos que publica a partir de 1905[5]. Embora defensora da monarquia constitucional, em 1911, é convidada pelo ministro da Justiça republicano, Diogo Leonte, a propor melhorias de caráter social tendo, neste âmbito, realizado estudos e proposto reformas com destaque para a melhoria das condições higiénicas das mulheres nas prisões.

Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998). Era visita regular do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde ofertava às crianças internadas brinquedos, doces e roupas que confecionava. Esta terá sido a génese do Natal das Crianças dos Hospitais, que funda, em 1924, posteriormente alargado a todas as pessoas hospitalizadas (Simeão, 2005).

Fruto das emissões televisivas, o Natal dos Hospitais vem a tornar-se um acontecimento nacional, símbolo de generosidade. Lutegarda faleceu em Lisboa, na sua residência (Av. da Liberdade, 53, 1.º drt.), sendo sepultada em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa[6].

“Tornei a ver te! Agora os meus cabelos
embranqueceram já... longe de ti.
Foram-se há muito aspirações e anelos
mas as saudades ainda as não perdi.

Mas volto à minha terra, tão bonita!
Terra onde reina o sol que resplandece,
aonde a vaga é murmurar de prece
e sinto ainda a ternura infinita.

É que não há céu de tal 'splendor
nem rio azul tão belo e prateado
como o Guadiana, o meu rio encantado
de mansas águas, suspirando amor!”

— Lutegarda Guimarães de Caires

Cultura: Cândido Guerreiro

 in: https://www.cm-loule.pt/pt/385/candido-guerreiro.aspx

CÂNDIDO GUERREIRO



Nasceu em Alte em 1871 e faleceu em Lisboa em 1953. Foi advogado, poeta e dramaturgo.

Depois de frequentar o Liceu e o Seminário em Faro, experimentou vários empregos. Cedo se apercebeu que o sacerdócio não era a sua vocação.

Foi redactor do semanário “O Algarvio”, em Loulé, e em Beja dirigiu a Casa Pia.

Aos 31 anos ingressou na Faculdade de Direito em Coimbra, sendo já reconhecido pela sua veia poética. Cinco anos depois, regressou à sua terra natal, onde foi recebido com grande aclamação por ter sido o primeiro altense a tirar um curso universitário. Tentou a prática forense em Loulé, sem grande êxito, passando depois a exercer funções de Notário. Entretanto foi Presidente da Câmara Municipal, período em que a Vila de Loulé conheceu grande progresso.

Em 1923 foi residir para Faro, onde trabalhou como Notário da Comarca.

Obras principais:Rosas Desfolhadas (1895)Pétalas (1897)Ave-Maria (1900)Balada (1903)Sonetos (1904)Eros (1907)Glicínias (1925)Promontório Sacro (1929)Em Forli (1931)Rainha Santa (1934)Auto das Rosas de Santa Maria (1940)Às Tuas Misericordiosas (1945)Sulamitis (1947)Avante e Santiago (1949)Uma Promessa (1950)Sonetos e Outros Poemas (1972) edição póstuma

A poesia de Cândido Guerreiro espelha a afectividade que o Poeta tinha à terra que o viu nascer. Com um vasto leque de temas (filosóficos, picturais, eróticos, lendários, históricos e bíblicos), Francisco Xavier Cândido Guerreiro nunca esqueceu as suas origens árabes e os seus ideais helénicos. É no soneto que encontra a forma ideal para a sua poesia luminosa e musical.

AL-HAMBRAS"Costa algarvia... Fogo e sangue-argilaDe que Deus extraiu essa mancheiaCom que fez carne e a insuflou ideiaCerta manhã genésica e tranquila...Costa algarvia... Pinheirais, areiaQue a gente pisa, e brota uma cintila,E o nosso andar parece que rutila,Quando o poente ao largo se incendeia...E torres de almenaras, destas grutas,Em vez de fumo leve espiralandoDestas varandas, plintos, colunatasDe capitéis floridos de volutas,Sobem às vezes, de repente e em bando,Pombas bravas, cinzentas, timoratas..."In, Sonetos e Outros Poemas

 


Cultura: António Aleixo

 in: https://fundacaoantonioaleixo.com/antonio-aleixo/

O poeta António Aleixo, cauteleiro e guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé, é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.



Gentileza do pintor Luís Furtado, por acasião do 13º aniversário da Fundação António Aleixo

Embora não totalmente analfabeto – sabe ler e tem lido meia dúzia de bons livros – não é capaz, porem, de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe dá certamente qualificação para poder ser considerado um poeta culto.

Todavia, há nos versos que constituem este livro uma correcção de linguagem e, sobretudo, uma expressão concisa e original de uma amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida, que não deixam de impressionar.
Além disso, o tom sentencioso da maior parte das quadras que se reuniram e o facto de serem produto de uma espontaneidade, quase inacreditável para quem não conheça pessoalmente o poeta, justificam suficientemente a tentativa de dar a conhecer e de registar, em livro, uma inspiração raríssima, que seria injusto não divulgar.

António Aleixo compõe e improvisa nas mais diversas situações e oportunidades. Umas vezes cantando numa feira ou festa de aldeia, outras a pedido de amigos que lhe beliscam a veia; ora aproveitando traços caricaturais de pessoas conhecidas, ora sugestionando por uma conversa de tom mais elevado e a cuja altura sobe facilmente. De todas as maneiras, passeando, sozinho, a guardar umas cabras ou a fazer circular as cautelas de lotaria – sua mais habitual ocupação – ou acompanhado por amigos, numa ceia ou num café, o poeta está presente e alerta e lá vem a quadra ou sextilha a fixar um pensamento, a finalizar uma discussão, a apreciar um dito ou a refinar uma troça. E a forma é lapidar, o conceito incisivo e o vocabulário justo e preciso.
Os motivos e temas de inspiração são bastante variados. Note-se, porém, que não fere, com a habitual pieguice sentimental lusitana, a nota amorosa. E isto é bastante singular; uma ou outra pequena composição com esse carácter lírico foi quase sempre, de certeza, de inspiração alheia ou a pedido de qualquer moço amigo.

O que caracteriza a poesia de António Aleixo é o tom dorido, irónico, um pouco puritano de moralista, com que aprecia os acontecimentos e as acções dos homens. E, no fundo, muito embora não seja um revoltado, é a chaga aberta de um sofrimento íntimo, provocado por certas injustiças, a fonte dos seus desabafos. Com efeito, não pode ser mais pessoal e mais subtilmente dada a dor de um homem que tem mulher e filhos a sustentar com o mísero ganho de meia dúzia de cautelas por semana e vê todos os dias ir morrendo, sem possibilidade de assistência cuidada, uma filha tuberculosa:

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

Primavera de 1943
Joaquim Magalhães

(...)

Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
– Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.

Mesmo que te julguem mouco
Esses que são teus iguais,
Ouve muito e fala pouco:
Nunca darás troco a mais!

Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.

Se te censuram, estás bem,
P’ra que a sorte te perdure;
Mal de ti quando ninguém
Te inveje nem te censure!


Cultura: João Lúcio

 

in: https://elosclubetavira.blogs.sapo.pt/69873.html

Outubro 26 2010

 

 

João Lúcio

 

Sensações desconhecidas

 

Há tanta sensação que não conheço,

tanto vibrar de nervos que não sinto;

e, contudo, parece que os pressinto,

apesar de ver quer os desconheço

 

A sensação que tem, à noite, o ar,

Quando o orvalho o toca, aos beijos de água

é, porventura, irmã daquela mágoa

que sente, quando chora, o meu olhar?!

 

Tem, porventura, alguma semelhança

a sensação de um cravo numa trança

com a ânsia de quem morre afogado?

 

E fico-me a pensar: que sentirá

uma vidraça quando a luz do sol lhe dá

e a rasga a mão da luz, de lado a lado?...

 

___________________________________

 

João Lúcio Pousão Pereira, (Olhão, 4.Julho.18810; 26.Outubro.1918) vulgarmente relegado para a categoria de poeta local, mas especialmente devido à sua obra O Meu Algarve, esteve, porém, à altura dos grandes nomes da Renascença Portuguesa, embora o seu voluntário afastamento dos grandes centros culturais do país tenha contribuído para tais definições limitadoras.

 

Começou com apenas 12 anos a publicar os seus primeiros versos (no extinto periódico O Olhanense). Enquanto estudante no Liceu de Faro, fundou e dirigiu um jornal literário intitulado O Echo da Academia. Foi depois para Coimbra estudar Direito, onde conhecerá e se tornará amigo de figuras brilhantes como Teixeira de Pascoaes, Augusto de Castro, Alfredo Pimenta, Afonso Lopes Vieira, Fausto Guedes Teixeira e Augusto Gil. João Lúcio colabora com poesias suas em diversos jornais e revistas literárias nacionais (fundando inclusive, em 1899, um quinzenário intitulado O Reyno do Algarve), até conseguir, em 1901, publicar o seu primeiro livro, Descendo, aclamado com louvor pela crítica da época.

 

Regressando a Olhão em 1902, João Lúcio torna-se um advogado famoso, dados os seus dotes argumentativos e orais. As salas de tribunais enchiam, e ainda hoje, é considerado como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre.

 

É então que o poeta, monárquico, se torna editor literário do semanário farense O Sul, jornal ligado ao Partido Regenerador Liberal de João Franco, em cujas listas concorre e ganha um lugar, em 1906, para a Câmara dos Deputados, e foi, embora num curto período, Presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal de Olhão. Entretanto, em 1905, publicara O Meu Algarve, obra que acaba por imortalizar João Lúcio como um dos maiores vultos da poesia algarvia.

 

Com a instauração da República, o poeta abandona a política e decide viajar com a sua família pela Europa, tendo publicado, em 1913, Na Asa do Sonho. Provavelmente inspirado pelas suas viagens, João Lúcio projecta então um chalé completamente original, no isolamento dos Pinheiros de Marim, nos arredores de Olhão, para onde pensava retirar-se depois de abandonar a advocacia, a fim de buscar a inspiração para a sua poesia.

 

O isolamento espiritual numa Torre de Marfim seria a finalidade do poeta, que teria mandado construir o chalé entre 1914 e 1916. Actualmente, o chalé serve de instalações à Ecoteca de Olhão, conservando alguns objectos pessoais do poeta e documentação variada.

 

 Em 1914, o poeta aceitava o convite de Teixeira de Pascoaes, para se associar à Renascença Portuguesa, tendo publicado um único poema na revista A Águia.

 

Em Agosto de 1918, João Lúcio decide ir habitar o chalé com a sua família, apesar de este se encontrar ainda inacabado. É aí mesmo que vem a contrair o fatídico vírus da pneumónica que assolou a região, e que lhe acabaria por ceifar a vida com apenas 38 anos de idade.

 

Postumamente, em 1921, foi publicado o livro de poemas Espalhando Fantasmas.

 

Luís de Melo e Horta

Cultura: poetas populares algarvios.

 

in: https://rumoaonossosul.blogs.sapo.pt/algumas-quadras-populares-de-poetas-152181

Algumas Quadras Populares de poetas algarvios

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 .

Ora loira, ora morena,
tanto te mudas, te pintas
que talvez te valha a pena
um marido “troca tintas”.

António Santos

...
Ó alcachofra, Deus queira,
Por amor de nós, os dois,
Que tu morras na fogueira
E ressuscites depois.

Emiliano da Costa

...
Quem me dera ver-te doido
- Duvidas ?... Pois é assim –
Quem dera ver-te doido,
Mas doido de amor por mim.

Maria de Marim Marques

..
Nas voltas tontas do mundo
Mais tonta coisa não vi,
Tu, tonta, à roda dum mastro,
E eu, à roda de ti!...

Armando de Miranda

...
Eu sei que gostas de mim,
Embora digas que não:
A boca nem sempre diz
O que sente o coração.

Isidoro Pires

Poesia

 

in: https://www.pensador.com/livros_comecar_ler_poesia/

19 livros imperdíveis para quem quer começar a ler poesia

Quer começar a ler poesia e não sabe por onde? Tem uma ideia de que poesias são muito complicadas, sem sentido, chatas? Acabaram os seus problemas! 😉

Neste artigo selecionamos 19 livros de poesia para todos os gostos: se você é um iniciante na matéria, pode pegar em qualquer um deles e ser feliz!

Os melhores livros de poesia romântica: para derreter seu coração de amor ❤️

Quem não gosta de ler sobre amor, não é? Selecionamos os livros de poemas mais românticos da literatura nacional e internacional para você que prefere mergulhar na sofrência.

1. A teus pés, de Ana Cristina César

melhores livros de poesia

O último livro da escritora, que reúne as suas três produções literárias anteriores, publicadas de forma independente. Apesar de misturar prosa e poesia, e também criar novos gêneros literários com uma forma única de manipular a linguagem, este é um livro indispensável para quem gosta do tipo de escrita que fica no limite entre a ficção e a confissão. Às vezes, é quase como se estivéssemos lendo os diários dela! Ler a poesia de Ana Cristina César é mergulhar em um universo urbano onde o amor tem mil e umas faces.

Voei pra cima: é agora, coração, no carro em fogo pelos ares, sem uma graça atravessando o estado de São Paulo, de madrugada, por você, e furiosa: é agora, nesta contramão.

Ana Cristina César

Este é o quarto de Augusto. Avisou que vinha. Lavei os sovacos e os pezinhos. Preparei o chá. Caso ele me cheirasse… Ai que enjoo me dá o açúcar do desejo.

Ana Cristina César

2. Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, de Pablo Neruda

vinte poemas de amor pablo neruda

Este foi o terceiro livro do poeta chileno que hoje é um dos maiores nomes da literatura poética do mundo. Neste livro, a melancolia permeia duas paixões do escritor: mulheres e natureza. O título entrega o conteúdo da obra: são vinte e um poemas de amor, onde a intensidade e profundidade não compromete o entendimento: é uma linguagem crua e acessível, capaz de fisgar qualquer coração.

Para meu coração basta-me teu peito,
para tua liberdade basta, minhas asas.
De onde minha boca chegará até o céu
o que estava entorpecido sobre tua alma.

Pablo Neruda

3. Um amor feliz, de Wislawa Szymborska

Um amor feliz, de Wislawa Szymborska

A escritora polonesa foi a primeira a conquistar um Nobel de Literatura, em 1996. Neste livro, ela fala de começos e fins de relacionamento, mas também de questões existenciais poderosas em qualquer época da vida. Sem um modelo específico, com poesias curtas, longas, rimadas ou não, Wislawa cria uma verdadeira obra-prima com palavras simples.

Deixe as pessoas que nunca encontram o amor verdadeiro
continue dizendo que não existe tal coisa.
Sua fé tornará mais fácil para eles viver e morrer.

Wislawa Szymborska

4. Amar se aprende amando, de Carlos Drummond de Andrade

Amar se aprende amando, de Carlos Drummond de Andrade

É impossível falar de poesia sem citar Drummond, um dos mestres nacionais do assunto. Neste livro, um dos últimos escritos pelo autor, conhecemos a sua poesia minimalista, que trata de coisas cotidianas, a doce ventura de amar. É a poesia lírica de um homem que ama coisas, às vezes, esquecidas, principalmente na geração moderna. Um título incontornável para quem procura romance em suas várias formas ❤️

O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
Acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime e selo
Que à vida imprime cor, graça e sentido.

Carlos Drummond de Andrade

5. Da Poesia, de Hilda Hilst

da poesia hilda hilst

Esta coletânea abrange toda a obra poética de um dos nomes femininos mais importantes da literatura brasileira. Foram 45 anos de uma escrita inovadora, nua e crua. Os escritos da autora giram em torno de temas como a morte, a solidão, o místico, o amor e o erotismo. Seja qual for a página em que abrir, no entanto, você vai encontrar versos apaixonados que transmitem a essência da poesia. Outro livro imperdível para quem quer começar a se aventurar pelo universo poético.

Vamos partir, amor.
Subir e descer rios
Caminhar nos caminhos
Beijar
Amar como feras
Rir quando vier a tarde.
E no cansaço

Deitaremos imensos
Na planície vazia de memórias.

Hilda Hilst

Livros para conhecer a poesia brasileira

Alguns dos nomes mais respeitados da literatura mundial estão no hall de personalidades da literatura brasileira. Contemporâneos, modernos, políticos: esses são os títulos que você precisa conhecer quando se fala em poemas nacionais.

6. Poesia com rapadura, de Bráulio Bessa

Poesia com rapadura, de Bráulio Bessa

Bráulio Bessa é considerado é conhecido como o embaixador do nordeste depois de suas aparições no programa global “Encontro com Fátima Bernardes”. Suas poesias falam de sentimentos como o amor, a caridade, o respeito e a felicidade. Falam também sobre dificuldades e a realidade nordestina. Seu primeiro livro é um volume que emociona, faz pensar, e realmente planta uma semente de amor por poesia como poucos conseguem fazer com tanta simplicidade.

Deus que escreve e que dirige toda trama
um roteiro escrito com comédia e drama
e ninguém sabe como o filme vai findar
não se avexe, deixe o amor lhe carregar
pois se existe um fato que eu acredito
É que na vida todo amor é bonito
feio mesmo, é viver e não amar!

Bráulio Bessa

7. Poemas da Recordação e outros movimentos, de Conceição Evaristo

Poemas da Recordação e outros movimentos, de Conceição Evaristo

Conceição Evaristo é um dos principais nomes da literatura afro-brasileira da atualidade. Neste livro, ela coloca em versos poéticos emoções fortes ligadas ao amor, à dor, à privação, à religião e outros temas. É um livro que fala de memórias antigas e mergulha o leitor em vivências necessárias para entender o contexto brasileiro do século XXI.

A noite não adormece
nos olhos das mulheres
há mais olhos que sono
onde lágrimas suspensas
virgulam o lapso
de nossas molhadas lembranças.

Conceição Evaristo

8. Toda Poesia, de Paulo Leminski

Toda Poesia, de Paulo Leminski

O curitibano Paulo Leminski é um dos poetas mais queridos da atualidade, com sua escrita criativa, divertida e inteligente. Este livro reúne toda a sua produção poética, com escritos de formas, estilos, e temáticas bem diferentes e uma só coisa em comum: você pode abrir em qualquer página e com certeza irá se divertir. É um livro desses para ter na cabeceira da cama e abrir sempre que a cabeça precisar de um respiro de originalidade.

pra que cara feia?
na vida
ninguém paga meia.

Paulo Leminski

9. Poema Sujo, Ferreira Gullar

Poema Sujo, Ferreira Gullar

Considerado um dos livros de poesia mais importantes da literatura brasileira, foi escrito por Ferreira Gullar enquanto estava no exílio, durante a ditadura brasileira, em 1976. Contém apenas um poema, com mais de dois mil versos, onde o escritor fala de suas crenças, ideologias, vida, como uma espécie de testemunho final para posteridade. Fome, solidão, morte e a vida do povo brasileiro são os temas recorrentes no poema.

eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti

Ferreira Gullar

10. Para Viver com Poesia, de Mário Quintana

Para Viver com Poesia, de Mário Quintana

Se quer começar a ler poesia, nada como Mario Quintana: o poeta das coisas simples. Neste livro de fácil leitura, escrita leve e educativa, você encontrará poemas sobre momentos da vida, e reflexões que seriam úteis a pessoas de qualquer idade. Com a sua forma descomplicada e subjetiva de escrever, Quintana criou uma obra linda, acessível e necessária.

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Mario Quintana

Os melhores livros de poesia de todos os tempos 📚

Toda lista tem os títulos clássicos que representam a marcação de um novo começo. Abaixo selecionamos os livros de poesia de época, autores e culturas diferentes, todos considerados tesouros da escrita poética.

11. O amor é um cão dos diabos, de Charles Bukowski

O amor é um cão dos diabos, de Charles Bukowski

O “Velho Safado”, como é conhecido, é considerado o último escritor maldito da literatura mundial. Um rebelde, bruto, impactante em cada palavra. Neste livro, Buk trata dos seus assuntos prediletos: bebida, mulheres, desejo, paixão, o não-sentido da vida. Mas também fala de coisas bonitas como o mar e a veracidade da escrita. Como qualquer obra do autor, é polêmico e marcante e, talvez por isso, imperdível para quem quer conhecer vários tipos de poesia.

e agora me pergunto
que animal entre
nós dois
devorará
primeiro o outro
física e
por fim
espiritualmente?

Charles Bukowski

12. Ariel, de Sylvia Plath

Ariel, de Sylvia Plath

O segundo livro da escritora norte-americana que faz parte do cânone literário de escrita confessional. Sylvia escreveu vários dos poemas semanas antes de suicidar-se por conta de uma depressão, e isso torna o livro ainda mais visceral e único, pois percebe-se vários dos sentimentos que rondavam a autora, como o amor pelos filhos, o desespero e a tristeza em relação às traições do marido. Não são poemas fáceis de entender logo da primeira vez, mas isso pode tornar a experiência ainda mais rica.

E se você se perder, não há problema: o livro traz interpretações detalhadas de todas as poesias.

A mulher está perfeita.
Seu corpo
Morto enverga o sorriso de completude,
A ilusão de necessidade
Grega voga pelos veios da sua toga,
Seus pés
Nus parecem dizer:
Já caminhamos tanto, acabou.

Sylvia Plath

13. Libertinagem, de Manoel Bandeira

Libertinagem, de Manoel Bandeira
marco do movimento modernistaVou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

Manoel Bandeira

14. Pedra do Sono, de João Cabral de Melo Neto

Pedra do Sono, de João Cabral de Melo Neto

Considerado pai e mestre da poesia pré-moderna, neste livro o vencedor do Prêmio Camões expressou os seus primeiros poemas, com uma estética surrealista. Efeitos delirantes, as fronteiras do sono e atmosferas meditativas são a base do livro, que é outro incontornável para conhecer a literatura nacional.

O mar soprava sinos
os sinos secavam as flores
as flores eram cabeças de santos
Minha memória cheia de palavras
meus pensamentos procurando fantasmas
meus pesadelos atrasados de muitas noites

João Cabral de Melo Neto

15. As flores do mal, de Charles Baudelaire

As flores do mal, de Charles Baudelaire

Essa obra escrita há mais de um século é considerada a primeira obra de poesia moderna. O poeta francês inaugurou uma nova forma de fazer poesia imprimindo ao romantismo da época uma linguagem grotesca, expondo vários dilemas, sofrimento, angústia, dor.

Neste livro o leitor se depara com poemas que às vezes celebram a vida e às vezes pedem pela morte, mas sempre conjugam com uma alma profunda que é a do autor.

Essa roupa louca é o emblema
Do espírito teu colorido;
Louca por quem estou perdido,
Odiar-te e amar-te é o meu dilema.

Charles Baudelaire

Livros de poesia contemporânea: a voz dos novos poetas

Há algum receio com a ascensão de escritores e poetas "internéticos" desde meados de 2010, mas a verdade é que eles representam um novo momento da literatura nacional e agradam milhares de leitores. Selecionamos alguns títulos dessas pessoas jovens que estão ilustrando as listas de best-sellers nacionais.

16. O livro dos ressignificados, de João Doederlein

O livro dos ressignificados, de João Doederlein

Com mais de um milhão de seguidores em perfil no Instagram, @akapoeta, Doederlein faz parte dessa geração poética que descomplica sentimentos. Neste livro, ele segue a estética de sucesso de sua página, criando novos significados para palavras conhecidas, com um olhar sensível e acurado. Romance, cultura pop e a geração moderna são retratadas em pequenas doses de emotividade através dos olhos e coração do autor.

doar (v.)
é dar a chance de outra pessoa continuar pintando o mesmo quadro que você começou quando nasceu: o da vida.

João Doederlein

17. Tudo Nela Brilha e Queima, de Ryane Leão

Tudo Nela Brilha e Queima, de Ryane Leão

Outro fenômeno da internet, Ryane é uma das vozes femininas mais compartilhadas na rede, com seus poemas profundos sobre e para mulheres. Neste livro, você vai encontrar temas como resistência, sexualidade, memória, amor e outras questões pertinentes à vida de qualquer mulher. Um livro para gerar identificação nelas e reflexão neles.

do que sei agora

me vi anos atrás
e quis dizer pra mim
se ame
antes de tudo começar
depois de tudo terminar
e durante esses espaços todos
se ame

Ryane Leão

18. Um buraco com o meu nome, Jarid Arraes

Um buraco com o meu nome, Jarid Arraes

A escritora e cordelista Jarid Arraes foi uma das autoras mais vendidas da edição de 2017 da Festa Literária Internacional de Paraty. Depois do sucesso com os seus cordéis, a autora volta com esse livro visceral de poesias divididas em quatro partes: Selvageria, Fera, Corpo Aberto e Caverna. São poemas que falam da voz da mulher, de classe, de raça, de angústia, expectativas, frustrações e pequenas vitórias. Um desses livros fortes que geram impacto imediato.

se eu
fosse menos eu
se fosse mais amável
qualquer um
até eu
me amaria

Jarid Arraes

19. Textos Cruéis Demais Para Ser Lidos Rapidamente, de Igor Pires da Silva e Gabriela Barreira

Textos Cruéis Demais Para Ser Lidos Rapidamente

TCD é o tipo de livro que não é poesia, mas é. Chamemos de prosa poética. Também resultado de uma página no Facebook com mais de um milhão de seguidores, o livro traz textos curtos e longos que falavam de abandonos, despedidas, amores, exaustão, em suma: as questões clássicas de jovens modernos. Em tempos de depressão e ansiedade, esta é uma leitura dessas que valem por algumas sessões de terapia.

por muitas vezes eu preciso admitir que, apesar desse amor, uma relação entre nós sempre foi muito difícil de consumar, porque apesar de tantos momentos vividos nós nos perdemos e a vida não parou para esperar um novo acontecimento entre nós... E, apesar de o tempo ter te levado embora, na minha lembrança você há de permanecer pra sempre.

Igor Pires da Silva


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