Nikolaustag: Tradição, Magia e Alegria
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
Tradição Alemã
quarta-feira, 8 de maio de 2024
Tradições
Tradição do Dia da Espiga
segunda-feira, 29 de abril de 2024
Os Maios
Os Maios /Maias
Reviver a
tradição algarvia na Esla com a presença da Maria Albertina das Couves e Joaquim
das Hortas
O dia 1 de maio é o Dia do trabalhador, no
entanto esta data também é conhecida em Portugal como o Dia dos (as)
Maios /Maias, celebração popular que ocorre em diversas regiões do
país, incluindo o Algarve, essencialmente no meio rural. Esta tradição é muito
antiga e consiste em enfeitar as janelas e portas com giestas amarelas de 30 de
abril para o 1 de maio. Este costume simbolizava as boas -
vindas à primavera, às flores e às sementeiras do campo. A tradição dos Maios ou Maias ainda não se perdeu
completamente no Algarve. Atualmente, no dia um de maio, bonecos ou
bonecas de tamanho
natural, feitos pela população, cheios com palha, trapos
ou jornais e vestidos com roupa usada e acompanhados de cestos ou ramos
de flores, são colocados junto às estradas ou nas portas das casas em
algumas zonas do interior do Algarve. Estas são acompanhadas de versos com
alguma ironia ou crítica social e provocam umas boas risadas. É
possível encontrar e apreciar esta tradição em algumas zonas do interior
algarvio ou junto à EN 125, por exemplo, em Estoi, (Faro), Alte (Loulé),
Odeleite (Castro Marim), Santa Rita (Vila Real de Santo António),
Olhão e Lagos. Para
melhor conhecer esta tradição, a professora Aurélia Farrajota em
colaboração com a
Biblioteca da Esla convida
toda a comunidade escolar a reviver este dia na companhia da Maria Albertina
das Couves e do seu marido Joaquim das Hortas. Foi recriada a tradição
que manda "Atacar o Maio" onde não faltaram os figos
secos, acompanhados pela aguardente de medronho. A caracolada
à algarvia e o Xarém também estiveram presentes, assim como o acordeão para
animar o dia. Que esta tradição nos inspire a apreciar a beleza da
natureza e a importância de preservar as nossas tradições culturais. Para não
perder estes costumes antigos e para as gerações mais novas conhecerem, o
melhor é visitarem a Biblioteca da Esla.
Maria Albertina das Couves e Joaquim das Couves
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
quinta-feira, 4 de maio de 2023
1º de Maio
É tradição em França oferecer o "Muguet" neste dia, para desejar felicidade.
sexta-feira, 28 de abril de 2023
1º de Maio (tradição popular)
1º de Maio (tradição popular)
Os Maios /Maias
Os Maios /Maias
Reviver a tradição algarvia na Esla
Para não perder estes costumes
antigos e para as gerações mais novas conhecerem, o melhor é visitarem a
Biblioteca da Esla. Uma Maia espera por vós.
Maria Albertina das Couves.
quinta-feira, 27 de abril de 2023
1º de Maio (tradição popular)
A Biblioteca Escolar e a docente Aurélia Farrajota vêm convidar a comunidade escolar a visitar a tradição popular do dia 1º de maio Algarvio.
A maia Maria Albertina dá a conhecer este dia: atividades do passado,gastronomia típica e alguns objetos do dia a dia.
Visitem-nos!!!!!!
quinta-feira, 20 de abril de 2023
Questão para Reflexão sobre o Património
Portugal é uma nação com quase 900 anos de história. Durante muitos séculos, Portugal assumiu-se
como uma potência colonizadora com domínios na África, na América e na Ásia. Ainda hoje, é possível
encontrar, espalhados pelos museus nacionais, vários vestígios do passado colonial português.
• Achas que Portugal deve devolver eventuais peças ou objetos retirados das antigas colónias?
Clica no link ou seleciona o QR code e participa no debate no site KIALO:
https://www.kialo-edu.com/p/b545eba6-bf99-43d0-ae24-b8b1059b167e/105430
Apresenta um argumento a favor (+) ou contra (-) a restituição de peças ou objetos retirados das antigas colónias portuguesas.
Dia Internacional dos Monumentos e Sítios
No passado dia 18 de abril, comemorou-se o dia Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Para assinalar a data partilhamos o testemunho da jornalista e apresentadora de televisão Paula Moura Pinheiro no seminário "Património de Proximidade e Educação" (2022).
“Se soubermos olhar e ver as pedras contam-nos histórias”
terça-feira, 21 de março de 2023
Grandes Mulheres: Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz
in: https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Galhoz,_Maria_Aliete
Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz
Desde estudante que se dedicou à pesquisa literária, tendo colaborado com Lindley Cintra no Centro de Estudos Filológicos, e com Viegas Guerreiro no Centro de Estudos Geográficos. Ensaísta e incansável investigadora, é autora de numerosos estudos sobre poesia e poetas portugueses, com destaque para Fernando Pessoa. Do seu currículo faz também parte a pesquisa sobre literatura popular portuguesa, estando ligada ao Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa.
Fez a recolha e transcrição de textos da primeira versão impressa do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. É responsável pela organização, texto introdutório e notas de diversas edições brasileiras da Obra Poética de Pessoa. Organizou, em 1985, uma antologia de Fernando Pessoa na colecção "Poetas" da editora Presença.
In: Arquivo da Cultura Portuguesa contemporânea
Sobre a sua poesia afirma Luiz Fagundes Duarte: "conjuga formas tradicionais de poesia popular com recursos imagéticos e discursivos próprios da poesia culta e refinada, o que tem como resultado a produção de um ritmo altamente melódico e até encantatório...".
Foi investigadora no Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Participou com comunicações em inúmeros encontros literários, seminários e colóquios, designadamente nas áreas dos estudos pessoanos e da literatura de transmissão oral. Tem vasta colaboração com ensaios críticos em actas de congressos e publicações periódicas como Colóquio-Letras, Boletim de Filologia do Centro de Estudos Filológicos, O Tempo e o Modo, Nova Renascença, página literária do Diário de Notícias e suplemento "Cultura e Arte" de O Comércio do Porto. Era membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade da Língua Portuguesa, da Associação Internacional de Lusitanistas, da Associação Internacional de Críticos e da Associação Internacional de Literatura Comparada. Autora da nota a "Portel, Terra Transtagana" Poemas de Francisco Padeira, edição da Junta de Freguesia de Portel.
A 18 de maio de 1999, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
In: Wikipedia
Cultura: o poeta Ibn Darraj Al-Qastalli
in: https://www.google.com/search?sa=X&rlz=1C1GCEV_enPT821PT822&q=Ibn+Darraj+Al-Qastalli&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVeLWT9c3NDLKSzaqMDUSKMhPLUksVkjMSU8sKsvMLz7FCJW3TKo0ToPxDMpM8-LLTzFy6ufqG1ikJGfkwmQMCwpT8srhuorKKjPS4TyTqoI0OM_QMrcoOQfOK6sorKiAmphsWF5cdYqRFyRjmG5gkJNUZZwCt7vCoDwZ7hLDihSDLAu4DWBfPGJsYuIWePnjnrDUD8ZJa05eY_zIyCXgk59fnJpTGZSak1iSmhKSL2TJxeaaV5JZUinEK8XNBbbYMD3dwkRKQYmL91KtgJjomZuuv7WEON-fvxj6LoSVV9CVb6KQXuqjBiFXLu7g1JKQfN_8lMy0SiEzIRMuTt_U3KTUomL_NCFlLi7n_Jyc1OSSzPw8IVEpYS5B_WS4gD4oiIutmDSYlCKN3HZdmnaOzUGQAQjOtAY7SGloCXKxueTnJmbmCUZ6_rQvvvveXkuYiyMksSI_Lz-3UvC72W97pivv7ZU4OYF6GlSmA-UZJjAxNu1bcYiNg4NRgMGIiYOhioFnEauYZ1KegktiUVFiloJjjm5gYnFJYk5O5gQ2RgBX9M3m9wEAAA&lei=8KQZZK7tIfGU9u8P5_20-AU#imgrc=w7ydpseIadzxTM%253A
Ibn Darraj Al-Qastalli
Ibn Darrāj al-Qastallī (958-1008) é dos primeiros poetas luso-árabes de que há registo. Nascido em Cacela (Algarve), o seu elevado estatuto enquanto poeta (ao serviço de Almançor) permitiu-lhe viajar por terras do al-Andalus (Córdova, Santiago de Compostela, Valência, Denia, Saragoça) e do Magrebe (Ceuta). Com cerca de trinta anos, viaja de Cacela rumo a Córdova com o objectivo de conseguir afirmar-se como poeta de Corte, projecto que lhe proporcionaria fazer muitas outras viagens. Depois de avaliado o seu talento como poeta, Ibn Darrāj entra ao serviço de Almançor, tornando-se poeta do Estado Amirida. A sua poesia e as suas cartas, das quais restam apenas fragmentos, demonstram a importância das suas viagens no al-Andalus e no Norte de África, tendo contribuído para a propaganda das batalhas de Almançor. Como afirma Ahmed Tahiri, a partir dos biógrafos do poeta e de outro estudos, foi a partir de então que Ibn Darraj compôs poemas panegíricos sobre Almançor, exaltando as suas virtudes, não prescindindo de o acompanhar na suas guerras e incursões (Tahiri, 2009:78). O poema traduzido por Adalberto Alves veicula o espírito de aventura e a determinação de Ibn Darrāj, mostrando que nem a família o demoveria: “ensinaram-me a temer longas viagens,/mas são o meio de beijar a mão de Almançor./[…] nem meu filho das entranhas/fizeram que desistisse/e na ânsia da viagem/eis que, por fim,/eu parti” (Alves, 1999:158). Ibn Darrāj al-Qatallī foi comparado, ainda em vida, com o poeta al-Mutanabbī; daí a alcunha “al-Mutanabbī do Ocidente”. Na sequência da função como poeta da Corte, a sua antologia, para além da temática floral, trata essencialmente das campanhas militares empreendidas por Almançor, e, após a morte deste último, Ibn Darrāj al-Qastallī continuou ao serviço do Estado Amirida junto de Abd al-Malik. O poeta foi um dos grandes viajantes medievais do Gharb al-Andalus devido à posição que ocupava na Corte, confessando, através da sua escrita, as adversidades e dificuldades que enfrentara ao viajar: “tive, em vez de uma longa vida de doçura,/a travessia de vales e montes lamacentos;/em vez de noites breves sob véus/o temor da viagem no seio de infindável treva;/em vez de água límpida sob sombras/o fogo das entranhas queimadas pela sede;/em vez do perfume errante das flores/o hálito esbraseado do meio-dia;/em vez da intimidade entre ama e amiga/a rota nocturna cercado de lobos e de génios/em vez do espectáculo dum rosto gracioso/desgraças suportadas com nobre constância” (Alves, 1999:161).
Bibliografia Adalberto Alves, O Meu Coração É Árabe, 1999; Ahmed Tahiri, Cacela e o seu Poeta Ibn Darraj al-Qastalli na História e Literatura do Al-Andalus, 2009.
Natália M. Lopes Nunes
Grandes Mulheres: Lutegarda Guimarães de Caires
in: https://fem.org.pt/lutegarda-guimaraes-de-caires/
Lutegarda Guimarães de Caires (17/11/1858[4], Vila Real de Santo António; 30/03/1935, Lisboa)
Escritora, socióloga, ativista dos direitos das mulheres e crianças e filantropa, deve-se a Lutegarda Guimarães de Caires (1858-1935) a existência de o Natal dos Hospitais, obra de intervenção social que perdura. Nasceu no Algarve, em Vila Real de Santo António. Casou e enviuvou cedo e perde a sua filha na infância, tragédias que vão ser tema recorrente na sua obra literária. Já a viver em Lisboa conhece João de Caires, natural da Madeira, com quem casa e que acompanha para Óbidos, quando ali é colocado como juiz e, depois para Alcobaça, onde nasce o filho Álvaro Guimarães de Caires, a 5 de abril de 1895.
Fruto da sua formação voltada para as artes com destaque para a interpretação musical e poesia, é uma figura com destaque na cena cultural do seu tempo, gostos que partilha com o marido, sendo anfitriões de saraus literários regulares. Defende o alargamento dos direitos civis das mulheres, nomeadamente, que dispusessem dos seus bens após o casamento, e os direitos políticos das mulheres instruídas, ideias que propugna em palestras e em artigos que publica a partir de 1905[5]. Embora defensora da monarquia constitucional, em 1911, é convidada pelo ministro da Justiça republicano, Diogo Leonte, a propor melhorias de caráter social tendo, neste âmbito, realizado estudos e proposto reformas com destaque para a melhoria das condições higiénicas das mulheres nas prisões.
Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998). Era visita regular do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde ofertava às crianças internadas brinquedos, doces e roupas que confecionava. Esta terá sido a génese do Natal das Crianças dos Hospitais, que funda, em 1924, posteriormente alargado a todas as pessoas hospitalizadas (Simeão, 2005).
Fruto das emissões televisivas, o Natal dos Hospitais vem a tornar-se um acontecimento nacional, símbolo de generosidade. Lutegarda faleceu em Lisboa, na sua residência (Av. da Liberdade, 53, 1.º drt.), sendo sepultada em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa[6].
Cultura: Cândido Guerreiro
in: https://www.cm-loule.pt/pt/385/candido-guerreiro.aspx
CÂNDIDO GUERREIRO
Nasceu em Alte em 1871
e faleceu em Lisboa em 1953. Foi advogado, poeta e dramaturgo.
Depois de frequentar o
Liceu e o Seminário em Faro, experimentou vários empregos. Cedo se apercebeu
que o sacerdócio não era a sua vocação.
Foi redactor do semanário “O Algarvio”, em Loulé, e em Beja dirigiu a Casa
Pia.
Aos 31 anos ingressou na Faculdade de Direito em Coimbra, sendo já
reconhecido pela sua veia poética. Cinco anos depois, regressou à sua terra
natal, onde foi recebido com grande aclamação por ter sido o primeiro altense a
tirar um curso universitário. Tentou a prática forense em Loulé, sem grande
êxito, passando depois a exercer funções de Notário. Entretanto foi Presidente
da Câmara Municipal, período em que a Vila de Loulé conheceu grande progresso.
Em 1923 foi residir
para Faro, onde trabalhou como Notário da Comarca.
Obras principais:Rosas
Desfolhadas (1895)Pétalas (1897)Ave-Maria (1900)Balada (1903)Sonetos (1904)Eros (1907)Glicínias (1925)Promontório
Sacro (1929)Em Forli (1931)Rainha Santa (1934)Auto
das Rosas de Santa Maria (1940)Às Tuas Misericordiosas (1945)Sulamitis (1947)Avante
e Santiago (1949)Uma Promessa (1950)Sonetos e Outros
Poemas (1972) edição póstuma
A poesia de Cândido Guerreiro espelha a afectividade que o Poeta tinha à
terra que o viu nascer. Com um vasto leque de temas (filosóficos, picturais,
eróticos, lendários, históricos e bíblicos), Francisco Xavier Cândido Guerreiro
nunca esqueceu as suas origens árabes e os seus ideais helénicos. É no soneto
que encontra a forma ideal para a sua poesia luminosa e musical.
AL-HAMBRAS"Costa algarvia... Fogo e sangue-argilaDe que Deus extraiu essa mancheiaCom que fez carne e a insuflou ideiaCerta manhã genésica e tranquila...Costa algarvia... Pinheirais, areiaQue a gente pisa, e brota uma cintila,E o nosso andar parece que rutila,Quando o poente ao largo se incendeia...E torres de almenaras, destas grutas,Em vez de fumo leve espiralandoDestas varandas, plintos, colunatasDe capitéis floridos de volutas,Sobem às vezes, de repente e em bando,Pombas bravas, cinzentas, timoratas..."In, Sonetos e Outros Poemas
Cultura: António Aleixo
in: https://fundacaoantonioaleixo.com/antonio-aleixo/
O poeta António Aleixo, cauteleiro e
guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de
Loulé, é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela
poesia.
Gentileza do pintor Luís Furtado,
por acasião do 13º aniversário da Fundação António Aleixo
Embora não totalmente analfabeto – sabe ler e tem lido
meia dúzia de bons livros – não é capaz, porem, de escrever com correcção e a
sua preparação intelectual não lhe dá certamente qualificação para poder ser
considerado um poeta culto.
Todavia, há nos versos que constituem
este livro uma correcção de linguagem e, sobretudo, uma expressão concisa e
original de uma amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida, que
não deixam de impressionar.
Além disso, o tom sentencioso da maior parte das quadras que se reuniram e o
facto de serem produto de uma espontaneidade, quase inacreditável para quem não
conheça pessoalmente o poeta, justificam suficientemente a tentativa de dar a
conhecer e de registar, em livro, uma inspiração raríssima, que seria injusto
não divulgar.
António Aleixo compõe e improvisa nas mais
diversas situações e oportunidades. Umas vezes cantando numa feira ou festa de
aldeia, outras a pedido de amigos que lhe beliscam a veia; ora aproveitando
traços caricaturais de pessoas conhecidas, ora sugestionando por uma conversa
de tom mais elevado e a cuja altura sobe facilmente. De todas as maneiras,
passeando, sozinho, a guardar umas cabras ou a fazer circular as cautelas de
lotaria – sua mais habitual ocupação – ou acompanhado por amigos, numa ceia ou
num café, o poeta está presente e alerta e lá vem a quadra ou sextilha a fixar
um pensamento, a finalizar uma discussão, a apreciar um dito ou a refinar uma
troça. E a forma é lapidar, o conceito incisivo e o vocabulário justo e
preciso.
Os motivos e temas de inspiração são bastante variados. Note-se, porém, que não
fere, com a habitual pieguice sentimental lusitana, a nota amorosa. E isto é
bastante singular; uma ou outra pequena composição com esse carácter lírico foi
quase sempre, de certeza, de inspiração alheia ou a pedido de qualquer moço
amigo.
O que caracteriza a poesia de António
Aleixo é o tom dorido, irónico, um pouco puritano de moralista, com
que aprecia os acontecimentos e as acções dos homens. E, no fundo, muito embora
não seja um revoltado, é a chaga aberta de um sofrimento íntimo, provocado por
certas injustiças, a fonte dos seus desabafos. Com efeito, não pode ser mais
pessoal e mais subtilmente dada a dor de um homem que tem mulher e filhos a
sustentar com o mísero ganho de meia dúzia de cautelas por semana e vê todos os
dias ir morrendo, sem possibilidade de assistência cuidada, uma filha
tuberculosa:
Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.
Primavera de 1943
Joaquim Magalhães
(...)
Cultura: João Lúcio
in: https://elosclubetavira.blogs.sapo.pt/69873.html
João Lúcio
Sensações desconhecidas
Há tanta sensação que não conheço,
tanto vibrar de nervos que não sinto;
e, contudo, parece que os pressinto,
apesar de ver quer os desconheço
A sensação que tem, à noite, o ar,
Quando o orvalho o toca, aos beijos de água
é, porventura, irmã daquela mágoa
que sente, quando chora, o meu olhar?!
Tem, porventura, alguma semelhança
a sensação de um cravo numa trança
com a ânsia de quem morre afogado?
E fico-me a pensar: que sentirá
uma vidraça quando a luz do sol lhe dá
e a rasga a mão da luz, de lado a lado?...
___________________________________
João Lúcio Pousão Pereira, (Olhão, 4.Julho.18810; 26.Outubro.1918) vulgarmente relegado para a categoria de poeta local, mas especialmente devido à sua obra O Meu Algarve, esteve, porém, à altura dos grandes nomes da Renascença Portuguesa, embora o seu voluntário afastamento dos grandes centros culturais do país tenha contribuído para tais definições limitadoras.
Começou com apenas 12 anos a publicar os seus primeiros versos (no extinto periódico O Olhanense). Enquanto estudante no Liceu de Faro, fundou e dirigiu um jornal literário intitulado O Echo da Academia. Foi depois para Coimbra estudar Direito, onde conhecerá e se tornará amigo de figuras brilhantes como Teixeira de Pascoaes, Augusto de Castro, Alfredo Pimenta, Afonso Lopes Vieira, Fausto Guedes Teixeira e Augusto Gil. João Lúcio colabora com poesias suas em diversos jornais e revistas literárias nacionais (fundando inclusive, em 1899, um quinzenário intitulado O Reyno do Algarve), até conseguir, em 1901, publicar o seu primeiro livro, Descendo, aclamado com louvor pela crítica da época.
Regressando a Olhão em 1902, João Lúcio torna-se um advogado famoso, dados os seus dotes argumentativos e orais. As salas de tribunais enchiam, e ainda hoje, é considerado como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre.
É então que o poeta, monárquico, se torna editor literário do semanário farense O Sul, jornal ligado ao Partido Regenerador Liberal de João Franco, em cujas listas concorre e ganha um lugar, em 1906, para a Câmara dos Deputados, e foi, embora num curto período, Presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal de Olhão. Entretanto, em 1905, publicara O Meu Algarve, obra que acaba por imortalizar João Lúcio como um dos maiores vultos da poesia algarvia.
Com a instauração da República, o poeta abandona a política e decide viajar com a sua família pela Europa, tendo publicado, em 1913, Na Asa do Sonho. Provavelmente inspirado pelas suas viagens, João Lúcio projecta então um chalé completamente original, no isolamento dos Pinheiros de Marim, nos arredores de Olhão, para onde pensava retirar-se depois de abandonar a advocacia, a fim de buscar a inspiração para a sua poesia.
O isolamento espiritual numa Torre de Marfim seria a finalidade do poeta, que teria mandado construir o chalé entre 1914 e 1916. Actualmente, o chalé serve de instalações à Ecoteca de Olhão, conservando alguns objectos pessoais do poeta e documentação variada.
Em 1914, o poeta aceitava o convite de Teixeira de Pascoaes, para se associar à Renascença Portuguesa, tendo publicado um único poema na revista A Águia.
Em Agosto de 1918, João Lúcio decide ir habitar o chalé com a sua família, apesar de este se encontrar ainda inacabado. É aí mesmo que vem a contrair o fatídico vírus da pneumónica que assolou a região, e que lhe acabaria por ceifar a vida com apenas 38 anos de idade.
Postumamente, em 1921, foi publicado o livro de poemas Espalhando Fantasmas.
Luís de Melo e Horta
Cultura: poetas populares algarvios.
in: https://rumoaonossosul.blogs.sapo.pt/algumas-quadras-populares-de-poetas-152181
Algumas Quadras Populares de poetas algarvios
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Ora loira, ora morena,tanto te mudas, te pintas
que talvez te valha a pena
um marido “troca tintas”.
António Santos
...
Ó alcachofra, Deus queira,
Por amor de nós, os dois,
Que tu morras na fogueira
E ressuscites depois.
Emiliano da Costa
...
Quem me dera ver-te doido
- Duvidas ?... Pois é assim –
Quem dera ver-te doido,
Mas doido de amor por mim.
Maria de Marim Marques
..
Nas voltas tontas do mundo
Mais tonta coisa não vi,
Tu, tonta, à roda dum mastro,
E eu, à roda de ti!...
Armando de Miranda
...
Eu sei que gostas de mim,
Embora digas que não:
A boca nem sempre diz
O que sente o coração.
Isidoro Pires
Berta Isla - Javier Marías
CAMÕES
V CENTENÁRIO DE CAMÕES! CAMÕES, ENGENHO E ARTE! Participa...
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Trabalhos realizados pelos alunos do 4o D, no âmbito do projeto de Filosofia para crianças. Agradeço o precioso contributo da docente titu...
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22 de Maio de 2024 DIA DO AUTOR PORTUGUÊS "Embora não sendo todos os que estão, a nossa homenagem pretende alcançar a globalidade de q...