sexta-feira, 25 de junho de 2021

As Três Irmãs

 As Três Irmãs

Representação teatral a cargo do12ºF, em estreita colaboração com a professora Inês Aguiar, e com correção linguística do guião a cargo da professora Amélia Rocha.

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.


CENA 01-INT-LOCAL DA CENA-DIA (Alberto Caeiro senta-se e faz um chá. Ouve-se o barulho da colher a mexer o líquido na chávena enquanto introduz o seu monólogo.) Alberto Caeiro Caro espectador, desde já agradeço por me ouvir. Sente-se e ouça-me. Tome um chá quente, aproveite e, se for do seu agrado, delicie-se com as minhas palavras. Pensar é algo que quero que faça. Admito que eu mesmo não o faço, e quero que medite, medite nas minhas palavras. Com a maior das sinceridades, eu rejeito tudo o que seja exterior às sensações; por isso, entendo que, por momentos, seja difícil, mas confesso que, talvez, seja necessário. Mas se é para tomar decisões, prefiro deixar esse trabalho para aquela que tudo sabe, a mãe de todos, a amada mulher que nos sustenta com tudo o que tem. A natureza sempre me deu o prazer de guardar um dos seus presentes; mas o que guardo eu, afinal, a não ser a amargura de a ver pálida e sem vida, de a ver ser maltratada e abusada por aqueles que a usam com ganância? O pensamento é a raiz das mágoas; por isso, não o uso e mando-o para fora da minha mente, de forma a torná-lo um intruso sem moradia. Porém, por vezes é inevitável não o convidar a entrar, principalmente quando vejo a que mais amo ser tratada com desrespeito. Mas, enfim, digo que «a minha tristeza é sossego. / Porque é natural e justa. / E é o que deve estar na alma». Agora que estou velho e fraco, gostaria de registar nestes pedaços de papel o meu contentamento por ter criado duas maravilhosas filhas: Irina, a minha filha mais nova e a mais ingénua delas todas, e Gaia, a minha primogénita e a mais parecida comigo, empenhada e dedicada. Eu sei que elas irão seguir os princípios de orientação que lhes ensinei, os 3 R’s como lhes gosto de chamar: reduzir, reutilizar e reciclar. Só tenho pena de Ofélia, minha filha bastarda, e da culpa que sinto por não lhe ter dado 2 a oportunidade de ter tido uma boa infância, pois agi com frieza como mecanismo de defesa, por não suportar a dor de lidar com as consequências de um dos meus erros. Talvez tenha dado demasiada importância às sensações, deixando, assim, que a minha razão, a que nunca uso, mais uma vez abster-se do caso, não agindo, então, com justiça, mas tendo por base uma maquiavélica ingenuidade. Por isto tudo te peço perdão, minha querida filha, minha Ofélia, pois falhei-te, condenando-te à desgraça.

 Fade out CENA 02-EXT-LOCAL DA CENA-DIA (Gaia e Irina cuidam de um dos jardins da casa do seu falecido pai. Ambas se apresentam com um monólogo.) Irina Sou Irina Caeiro, pintora da natureza e uma grande sonhadora. Gosto de pintar os meus sentimentos e sonhos; neles encontro a minha inspiração. Sou uma jovem que anseia por um mundo sem poluição, mais justo e melhor para as gerações futuras. Desejo um futuro em que possamos viver em harmonia e onde não percamos a esperança. Sou filha de Alberto Caeiro e a mais nova de três irmãs. O meu pai era superprotetor para comigo, o que não me permitia soltar as asas e voar. Ofélia, por sua vez, aproveita-se da minha bondade, alguns diriam inocência, para alcançar o que almeja. Conhecem Bernardo Soares, aquele que de tudo duvida e nada questiona? Somos opostos, mas acho que me estou a apaixonar por ele. Nesta história, é ele quem me vai mostrar como a vida é efémera, ainda que eu ache a sua perspetiva um pouco pessimista. Gaia Sou Gaia Caeiro, guardadora do ambiente. Sou uma amante da natureza (tal como o meu pai) E tudo irei fazer para a defender. Sou uma ativista. São várias as causas que me motivam. O Destino é uma força. Sei que não o posso enfrentar... 3 Mas não irei perder a esperança! Continuarei a tentar. Continuarei a lutar. Ninguém me irá parar! Sou uma mulher "pecado", pelo qual me querem calar. Dona de casa, dona do lar... É o destino que me querem dar. Eles pensam que só sirvo para enfeitar. Apesar de tudo, não pararei, pois sou Gaia Caeiro. Mentora da geração futura e um exemplo para as minhas irmãs, que, como minhas aprendizas, ao meu lado lutarão for futuros mais felizes. Ambas falam entre si, uma conversa aparentemente impercetível. Entretanto, ao longe, aparece Ofélia Sousa, que, de forma discreta, chama Irina. Tanto Ofélia como Irina afastam-se de forma a que Gaia não ouça a conversa. Ofélia (A sua voz é suave e meiga.) - Então, conseguiste encontrar o que te pedi? Irina (Desconfiada e receosa) - Eu não sei se é uma boa ideia... Sabes perfeitamente que o pai não ia gostar nada de saber que as terras que ele tanto ama estão a ser maltratadas. Ele sempre disse que é suposto defendermos a Natureza em vez de a destruir como muitos fazem. 4 Ofélia (Revira os olhos, brinca com a aliança impaciente e respira fundo.) - Lá vens tu com a mesma conversa... O que o pai sente ou deixa de sentir é entre ele e o caixão! Nós não temos nada a ver com isso! Eu fiz- -te um pedido e tu concordaste; por isso, é bom que eu consiga esses documentos, senão... Irina (Afasta-se lentamente.) - Senão?... (Bernardo Soares senta-se no banco oposto do local onde se encontram.) Ofélia (Põe as mãos nos seus ombros, virando-a de forma a que Irina pudesse encarar Bernardo.) - Conto ao teu querido amigo o quão apaixonada és por ele... E escusas de dizer que não é verdade, porque toda gente sabe; só ele é que não vê, coitado! Irina (Irritada, deixa o utensílio que carregava cair no chão.) - Tu não te atrevas! Eu não sei o que se passa contigo, Ofélia! Tu antes não eras assim! Olha no que te tornaste! Casada com alguém bem mais velho que tu, e tudo por dinheiro. Agora, não passas de uma gananciosa. Aliás, desde que começaste a te encontrar com Álvaro de Campos, olha as coisas que tens feito por dinheiro. Ele nem gosta de ti; só te está a usar! Ofélia (Perde a cabeça e dá-lhe um estalo.) 5 - Não voltes a falar-me assim! Ele ama-me! Nós ainda vamos ser muito ricos e não vais ser tu, nem ninguém, que nos vai impedir!

 Fade out CENA 03-EXT-LOCAL DA CENA-DIA Alberto Caeiro «Pensar incomoda como andar à chuva. / Quando o vento cresce e parece que chove mais» - Por isso, caro espectador com quem me perco neste temporal, pensemos, então! Pensemos em como a Humanidade é egoísta e gananciosa. Quanto mais o ambiente lhe dá, mais o Homem tira! Pensemos no quão desinteressado o Homem consegue ser perante as súplicas da musa que se definha! Pensemos em como a maldade é astuta e raramente deixa o ‘’bem’’ ganhar! (Álvaro de Campos entra em cena com o seu monólogo.) Álvaro de Campos Sou um guardador de máquinas. As máquinas são o meu ganha pão. É com elas que faço tudo. Amor, dinheiro não passam de uma obsessão. Sou como um leão, ganancioso e belo. Faço dinheiro até com um martelo. Vivo com as máquinas e saturado nunca fico. Preciso de expandir o meu negócio para ficar rico. Se precisar de casar, com a Ofélia terá de ser, 6 pois ela é a única que bons terrenos tem para oferecer.

 Fade out CENA 04-INT-LOCAL DA CENA-DIA (Ofélia e Álvaro de Campos entram em cena a discutir.) Ofélia (Revoltada e ainda em choque.) - Não foi isto que combinámos! Era suposto apenas construirmos fábricas e não envolver as minhas irmãs. Temos que parar com isto! Álvaro de Campos (Com expressão sarcástica.) - Achas que eu cheguei tão longe para parar agora? Tu realmente não me conheces... Ofélia (Tentando processar a situação.) - Mas isto é errado... Álvaro de Campos (Ri-se ironicamente.) - Errado? É interessante. Quando te envolveste comigo enquanto estavas casada com outro, não pensaste nisso. Também quando traíste a confiança das tuas irmãs tudo por causa de uma fortuna, também não pensaste se era certo ou errado. Então, o que te faz pensar nisso agora: a conveniência ou a dor da consciência? (Encara-a, dirigindo-se a Ofélia de forma sinuosa.) - Entende, de uma vez por todas, que eu não vou parar até ter tudo aquilo que eu quero. 7 Ofélia (Sente-se arrependida e murmura.) - Desculpa, Irina.
 
CENA 05-EXT-LOCAL DA CENA-DIA (Irina e Bernardo estão sentados num banco e interagem um com outro. Bernardo Soares introduz a cena com um monólogo.) Bernardo Sou Bernardo Soares e nasci no dia 18 de janeiro de 1919, em Lisboa. No entanto, a minha infância foi passada na África do Sul, o que me garantiu uma experiência de vida realista por ter conhecido duas culturas opostas. Sou escritor e tradutor e vivo sozinho. Não me encaixo na sociedade em que vivo e, por ser demasiado realistic, sei perfeitamente que o mundo não vai mudar. Defendo, apenas, em pensamento, o meio ambiente e as classes sociais mais oprimidas. “Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis." Bernardo - ‘‘Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já não o tenho.” A vida já é triste o suficiente. Então, para quê entristecê-la ainda mais por me preocupar com aquilo que está fora do meu alcance? Irina (Encosta a sua cabeça no ombro de Bernardo, que a abraça.) 8 - Mas, por que é que não haveria de estar a mudança ao nosso alcance? Bernardo (Com voz calma e meiga.) - Boa pergunta. Talvez faça parte da essência da Humanidade desistir, não querer agir; implorar por mudança, mas não correr atrás dela. Não somos todos assim? (Olhando para Irina.) Queremos algo, mas vamos, de facto, atrás disso?
 
Fade out CENA 06-INT-LOCAL DA CENA-DIA (Gaia vai ter com Ricardo Reis. A cena inicia-se com o monólogo de Ricardo Reis.) Ricardo Reis Sou um poeta fora do comum, Vivo dependente das minhas filosofias. Sempre me disseram “à morte tu chegarias, E no destino não mandarias”. Os sentimentos em demasia não me suscitam alegria. Não tenho amores, nem ódios, nem paixões. Vivo a vida com tranquilidade, num estado de ataraxia. Não penso no futuro pois sei que tudo um dia irá acabar. Gaia (Preocupada.) 9 - Tu tens o poder para fazer alguma coisa. Quem me dera poder ter essa oportunidade de fazer algo. Eu luto por esse direito todos os dias e tu nasceste com ele. Esta falta de consideração pelo ambiente está a destruir o planeta e as nossas vidas. Ricardo Reis Pelo ambiente não me interesso, Sou um pouco antipático, confesso. Mas tu, homem comum, não morrerás se da salvação da natureza fores atrás. Vem, Gaia, junta-te a mim, convence-me de que estou errado. Vamos fazer do futuro, o passado. Lutaremos lado a lado. Vem, Gaia; afinal, estávamos destinados.

Fade out CENA 07-INT-LOCAL DA CENA-DIA (Começa com o funeral da Irina. Estão presentes todas as personagens. Todos têm uma flor na mão.) Alberto Caeiro - Aqui jaz a inocência da humanidade que morreu asfixiada pela sua própria ganância e ambição. E aqui a culpa e o sofrimento tornam-se hóspedes no coração de alguém. A Natureza era feliz até lhe ter sido diagnosticado o vírus: o vírus da Humanidade. Ainda assim, há esperança. Pelo menos é nisso que os meus sentidos querem que eu acredite. 10 Ecologia, que estais nos Céus, respeitado seja o vosso nome. Por isso, reduzi, reutilizai e reciclai! (Gaia planta uma planta e acaba.) FIM



https://www.youtube.com/watch?v=D_ZYx5mUffA&ab_channel=LuisReis



quarta-feira, 23 de junho de 2021

Divulgação/publicação de texto

 

A solidão dos tempos modernos

 

O século XX foi o grande potenciador das inovações tecnológicas e da modernidade no setor. De uma forma talvez demasiado repentina, tivemos de nos habituar a viver e a estar rodeados de aparelhos e de conceitos que, outrora, se julgariam inimagináveis.

Invenções como o rádio, a televisão, o cinema foram marcos importantes no quotidiano de pessoas com vidas monótonas, rotineiras e atitudes apáticas. As criações da modernidade garantiram, desta forma, meios de comunicação e de informação que asseguraram a companhia a muitos.

Enquanto que, em tempos anteriores, a grande diversidade de meios de comunicação era encarada enquanto bênção, com o decorrer dos anos, e com a passagem das gerações, veio-se a provar uma quase que maldição. Efetivamente, o surgimento de redes sociais, de plataformas de vídeo e de programas de entretenimento de fácil acesso geraram uma solidão nunca antes sentida. Não se trata de uma solidão física, mas de uma solidão mental, emocional: a solidão dos tempos modernos.

É seguro dizer-se que os novos meios de comunicação são ferramentas de grande utilidade para a população atual, tendo em conta que se desenvolvem de acordo com as necessidades da mesma. Porém, por muito benéfica que essa facilidade e conveniência se mostre, dá lugar a uma dependência e a uma autossuficiência, a meu ver, excessivas.

            Atualmente, é rara a procura de informação que não seja feita na Internet. Com todas as respostas à distância de um clique, a relevância de um livro ou uma interação com outra pessoa, para muitos, perde-se. Esta situação é representativa de um sério problema enfrentado pela sociedade atual: o da falta de comunicação pessoal. Esta escassez de interação e de convivialidade leva ao marasmo e a uma atitude que conduz, não raras vezes, a uma solidão tremenda.

Do mesmo modo, uma grande ameaça à sociedade de hoje em dia é a panóplia de redes sociais e a partilha excessiva que nelas de dá. Este catálogo de plataformas de partilha contribui ainda mais para a incapacidade da população de fazer uma vivência plena e significativa. Esta obsessão pela vida alheia e a entrada num ciclo vicioso de scrolls pode representar um travão na convivialidade e levar a atitudes tendentes a uma menor sensação de realização pessoal e de superficialidade.

Na minha opinião, a tecnologia atual está a tornar-se cada vez mais nociva para a população geral. A facilidade e a conveniência oferecidas criam a ilusão de uma felicidade passageira e efémera, que é uma arma contra a concretização pessoal. Ao mesmo tempo que as inovações aproximam as pessoas que estão longe através de uma simples mensagem, estas afastam, com a mesma rapidez, aqueles que se encontram perto, fisicamente. É assustador, para mim, pensar no quão banal esta situação se afigura para um considerável número de pessoas.

Em guisa de conclusão, apraz-me dizer que, com a situação de pandemia em que vivemos atualmente, a sociedade se começa a aperceber da necessidade do toque e do contacto físico. Tenho esperança de que, de ora em diante, a interação pessoal volte a ser valorizada e não seja tomada como garantida, já que só esta parece ser a cura para a solidão emocional sentida.

Inês Reis

12ºF

Revisão e correção: Prof. Amélia Rocha

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Olimpíadas

 

Olimpíadas da Cultura Clássica 2020-21

Parabéns!!!  Mariana Galante Aguiar do 12ºB.

Na prova de Desafios escritos, conquista um merecido 3º prémio.








quinta-feira, 17 de junho de 2021

Cidadania

 Trabalhos elaborados pela turma do 11ºB, com orientação do docente António Gonçalves








Cidadania

 Trabalhos elaborados pela turma 10ºC, com orientação da docente Sara Raposo.


















segunda-feira, 14 de junho de 2021

Cartaz 10 de junho

 Dia De Portugal

Trabalho elaborado pelas turmas da docente Lia Lamarão.

Magnífico trabalho, Parabéns!




segunda-feira, 7 de junho de 2021

Apoio à aprendizagem

 O Projeto MatScratch, como experiência educacional para professores e alunos, mostra as potencialidades da utilização do Scratch em sala de aula, no estabelecimento de

conexões nos diferentes tópicos matemáticos transversais ao currículo, com outras áreascurriculares e não curriculares. Inovar a prática pedagógica e motivar os alunos são os
contributos desta ferramenta que prepara os alunos para o desenvolvimento de Skills de aprendizagem para o século XXI. 


Apoio à aprendizagem

 Ardora é um programa projetado para ensinar profissionais a desenhar diversas atividades divertidas e educativas para seus estudantes.

Com Ardora, o professor pode conseguir envolver o estudante na disciplina de uma forma divertida. Graças às múltiplas atividades que podem ser programadas, o estudante receberá os exercícios com um visual diferente do habitual.
No total, há mais de 30 diferentes tipos de exercícios que podem ser desenhados com Ardora: sopa de letras, palavras-cruzadas, exercícios nos quais têm de relacionar imagens, puzzles, ditados automáticos e muito mais. O programa é simples de usar, suportado por uma confortável interface que inclui diferentes passos a seguir para completar cada uma das atividades que você consegue desenhar com Ardora.


Apoio à aprendizagem

  Cenário de Aprendizagem. A metodologia a implementar é o Project Based learning, com o objetivo de, através da investigação, desenvolver o conhecimento dos estudantes acerca dos ecossistemas locais ao nível da flora e capacidades de mapeamento digital através de aprendizagem ao ar livre. Envolvê-los na compreensão específica da sua área local e, também, na identificação de espécies através de repositórios online e interação com outros. Incentivá-los a usar os meios digitais de maneira eficaz para comunicar os seus conhecimentos, experiências e opiniões A atividade desenvolver-se-á de forma colaborativa, com responsabilidade partilhada. 


https://www.erte.dge.mec.pt/sites/default/files/tic/poster_flora_biodiversidade.pdf

Berta Isla - Javier Marías

Relembrar

Paul Auster