terça-feira, 21 de março de 2023

Grandes Mulheres: Lutegarda Guimarães de Caires

 in: https://fem.org.pt/lutegarda-guimaraes-de-caires/


Lutegarda Guimarães de Caires (17/11/1858[4], Vila Real de Santo António; 30/03/1935, Lisboa)

Escritora, socióloga, ativista dos direitos das mulheres e crianças e filantropa, deve-se a Lutegarda Guimarães de Caires (1858-1935) a existência de o Natal dos Hospitais, obra de intervenção social que perdura. Nasceu no Algarve, em Vila Real de Santo António. Casou e enviuvou cedo e perde a sua filha na infância, tragédias que vão ser tema recorrente na sua obra literária. Já a viver em Lisboa conhece João de Caires, natural da Madeira, com quem casa e que acompanha para Óbidos, quando ali é colocado como juiz e, depois para Alcobaça, onde nasce o filho Álvaro Guimarães de Caires, a 5 de abril de 1895.

Fruto da sua formação voltada para as artes com destaque para a interpretação musical e poesia, é uma figura com destaque na cena cultural do seu tempo, gostos que partilha com o marido, sendo anfitriões de saraus literários regulares. Defende o alargamento dos direitos civis das mulheres, nomeadamente, que dispusessem dos seus bens após o casamento, e os direitos políticos das mulheres instruídas, ideias que propugna em palestras e em artigos que publica a partir de 1905[5]. Embora defensora da monarquia constitucional, em 1911, é convidada pelo ministro da Justiça republicano, Diogo Leonte, a propor melhorias de caráter social tendo, neste âmbito, realizado estudos e proposto reformas com destaque para a melhoria das condições higiénicas das mulheres nas prisões.

Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998). Era visita regular do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde ofertava às crianças internadas brinquedos, doces e roupas que confecionava. Esta terá sido a génese do Natal das Crianças dos Hospitais, que funda, em 1924, posteriormente alargado a todas as pessoas hospitalizadas (Simeão, 2005).

Fruto das emissões televisivas, o Natal dos Hospitais vem a tornar-se um acontecimento nacional, símbolo de generosidade. Lutegarda faleceu em Lisboa, na sua residência (Av. da Liberdade, 53, 1.º drt.), sendo sepultada em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa[6].

“Tornei a ver te! Agora os meus cabelos
embranqueceram já... longe de ti.
Foram-se há muito aspirações e anelos
mas as saudades ainda as não perdi.

Mas volto à minha terra, tão bonita!
Terra onde reina o sol que resplandece,
aonde a vaga é murmurar de prece
e sinto ainda a ternura infinita.

É que não há céu de tal 'splendor
nem rio azul tão belo e prateado
como o Guadiana, o meu rio encantado
de mansas águas, suspirando amor!”

— Lutegarda Guimarães de Caires

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