in: https://blogue.rbe.mec.pt/2024/10/
Usar Inteligência Artificial não é arte
O século XX ampliou o terreno das artes e da cultura, em parte pelas interseções/influências reciprocas/hibridez dos seus diferentes formatos, pelo que um dos principais temas da arte é a sua evolução.
Recentemente a arte alargou-se ao artificial, à máquina, ao algoritmo.
Ferramentas digitais podem produzir, infinitamente, filmes, literatura e outros textos, música, pintura, fotografia, esculturas (ligadas a impressoras 3D)…
No futuro, será que o artista/realizador/escritor… mais virtuoso será não humano?
A arte expressa – através de imagens, palavras, sons, movimentos, monumentos e objetos, meios digitais… - uma descontinuidade/transformação de ideias/conceitos.
Como a IA (Inteligência Artificial] produz os seus trabalhos a partir de amostras de outras obras fílmicas/literárias… criadas por humanos e já existentes, usadas para treino, estes trabalhos não podem ser considerados originais, não são arte.
A IA é conservadora e tendenciosa, tende a reproduzir preconceitos e desigualdades herdadas e expressas nos filmes e literatura e é tendencialmente monolingue, reforçando a invisibilidade de determinadas culturas no espaço público - o inglês é o principal idioma das bases de dados usadas para treino e as principais empresas privadas que nela investem concentram-se num único continente, EUA.
De acordo com autores/artistas de arte científica, Sci-Art (Comissão Europeia, 2024) como Leonel Moura, “na arte tecnológica há uma distinção muito clara entre os artistas que utilizam aplicações e tecnologias e os que usam código” autores são os de código, que programam, criam os algoritmos (Lucas & Gaudêncio, 2024).
Sobre o Robô Pintor, RAP (Robotic Action Painter), criado em 2007 por Leonel Moura (Moura, 2024) e que faz parte da exposição permanente do Museu Americano de História Natural (USA), What Makes Us Humans?/O que nos torna humanos?
“não tem inspiração criativa. RAP não sabe que está fazendo arte, nem sabe o que é arte; está apenas seguindo um conjunto de regras simples escritas por um artista humano”.
A inteligência artificial não é imprevisível e, portanto, “não pode ser criativa” e o próprio conceito de Inteligência quando aplicado a IA é desapropriado: “a verdadeira inteligência envolve uma combinação de conhecimento, julgamento e criatividade, competências que a IA ainda não pode emular (Innerarity, 2024).
Provavelmente a IA irá evoluir no sentido da sua autonomia/independência do humano, mas no contexto atual, não gera ideias, estas são humanas.
(...)
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