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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Nobel da Literatura


 


(Fonte: Jornal de Notícias e Folha de São Paulo.)

A Academia sueca atribuiu, esta quinta-feira, o Nobel da Literatura a Abdulrazak Gurnah.

O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.

Em Portugal, este autor tem apenas um livro editado: "Junto ao Mar", pela Difel, em 2003.

O escritor da Tanzânia, que vive no Reino Unido, foi distinguido pela exploração dos "efeitos do colonialismo e o destino dos refugiados no fluxo entre culturas e continentes."

Abdulrazak Gurnah nasceu em 1948 em Zanzibar, um arquipélago na costa este africana, mas exilou-se desde os 18 anos no Reino Unido, onde se reformou recentemente da Universidade de Kent, tendo aí sido professor de Literatura Inglesa e Pós-Colonial. É o primeiro autor negro africano a ser reconhecido pela Academia Sueca em mais de trinta anos, depois do nigeriano Wole Soyinka, laureado na década de oitenta. É o 118.º laureado na história do Nobel da Literatura.

Perante um galardão que é "historicamente muito ocidental", como escreve a agência France Presse, a última vez que a Academia Sueca distinguiu um autor africano com o Nobel da Literatura foi em 2003: o sul-africano J.M. Coetzee.

De toda a história do Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901, mais de 80% foram autores europeus ou norte-americanos, contabilizou a AFP.

Abdulrazak Gurnah, que escreve em inglês -embora a sua língua materna seja o suaíli-, publicou sobretudo romance e contos, nomeadamente "Paradise" (1994) e "Afterlives" (2020) e "tem sido amplamente reconhecido como um dos mais proeminentes escritores do pós-colonialismo".

"A sua partida [de Zanzibar] explica o papel central que o exílio tem em toda a sua obra, mas também a sua ausência de nostalgia por uma África primitiva e pré-colonial", afirmou a Academia Sueca.

No entender do comité, a obra literária de Abdulrazak Gurnah é um "retrato vívido e preciso de uma outra África, numa região marcada pela escravatura e por diferentes formas de repressão de vários regimes e poderes colonialistas: português, indiano, árabe, alemão e britânico".

"As personagens deslocadas de Gurnah, em Inglaterra ou no continente africano, encontram-se entre culturas e continentes, entre a vida deixada para trás e a que está por vir, enfrentam racismo e preconceito, mas também obrigam-se a silenciar a verdade ou a reinventar uma biografia para evitar um confronto com a realidade", justificou a academia.

 

Sinopses de algumas das suas obras:

Memory of Departure (“Memória de Partida”, em tradução livre) foi o primeiro livro publicado por Gurnah, quando o autor tinha 39 anos. A história, que se passa numa cidade costeira da África Ocidental, mostra como a pobreza e a depravação causaram estragos à família de Hassan Omar, protagonista e narrador da obra. Num determinado momento da narrativa, Hassan sai de casa e vai viver com um tio rico em Nairóbi, capital do Quénia. Lá, descobre não só os luxos da vida, mas também tem acesso à corrupção e à hipocrisia. 

Paradise (“Paraíso”) conta a história de Yusuf, um menino que vive na Tanzânia. Na obra, o jovem é penhorado pelo pai em troca de uma dívida e acaba por tornar-se criado de um comerciante. O pano de fundo do enredo mostra uma África corrompida pelo colonialismo e pela violência.  A obra rendeu a Gurnah o Prémio Booker, concedido anualmente ao melhor romance escrito em inglês e publicado no Reino Unido ou na Irlanda. Paradise foi o que catapultou o sucesso do tanzaniano – e parece ter sido decisivo para o seu Nobel. 

By the Sea (“Junto ao Mar”) conta a história de dois imigrantes africanos que vivem no Reino Unido, mas em condições muito diferentes: enquanto um deles está a pedir asilo a Inglaterra, o outro já está estabelecido no país e trabalha como professor de literatura. No entanto, ambos estão ligados por uma história do passado. O livro também chegou a ser nomeado para o Prémio Booker, mas não venceu.

Afterlives (algo como “Vidas Depois da Morte”) é o livro mais recente de Abdulrazak Gurnah. A obra incide no colonialismo e em como este pode afetar os indivíduos. Para isso, aborda diversos períodos da história da Tanzânia, desde a exploração pela Alemanha (entre os séculos XIX e XX) até à colonização britânica e a conquista da independência, em 1961.  Tudo isso usando como base a trajetória da personagem Ilyas, um homem que, em criança, foi vendido pelos seus pais às tropas alemãs.

Encontramos algumas das obras (em inglês) deste escritor nos linksseguintes:

https://sites.google.com/goall.42web.io/dankowe01/pdf-download-afterlives-by-abdulrazak-gurnah-book-on-kindle

https://fepogaguwawu.inovelinks.icu/by-the-sea-book-23566ng.php

quinta-feira, 11 de março de 2021

Semana Nacional de Leitura: "A leitura", de Raquel Cavaco (10ºC)

 A leitura


Uma história desconhecida

Uma alma perdida,

Uma vida imaginada

Muito detalhada

Uma vez contada

Para sempre recordada.

Os pormenores correm nas veias

E com medo de perder as ideias,

Escrevo-as a voar.

Como um arco-íris a cintilar,

Que no fim tem um tesouro

Pelo qual vale a pena o esforço.

Assim é a leitura,

Uma luta pela formosura,

Pela conquista de um coração,

Agora cheio de emoção.


Raquel Cavaco, 10º C, n.º 26

Semana Nacional de Leitura - "O que faltava a Dália", de Joana Alves (10ºC)

 No âmbito da Semana Nacional de Leitura, apresentamos três trabalhos merecedores de destaque de alunas do 10ºC, da profª Liliana Silva:


O que faltava a Dália

“A verdade sempre vem ao de cima”

Numa cidade como outras quaisquer, onde as crianças já não brincam na rua, as vizinhas já não combinam de se encontrar para falar do que viram, ouviram ou do que o outro diz que viu ou ouviu, existe uma menina, Dália, que vive com a sua avó Adelaide, desde que se lembra. A avó diz-lhe que a mãe morreu poucas semanas depois do seu nascimento, mas sobre o seu pai a avó nunca lhe contou nada, dando sempre o motivo “A tua mãe nunca me contou sobre quem ele era”.

A avó de Dália deu à neta o que pôde. Trabalhava como governanta na casa de uma família, os Morgado, o Sr. André Morgado, a Srª. Sabrina, o filho Nicolas e a filha Nina, que, claramente, não passavam dificuldades financeiras. Dona Adelaide, na altura em que a filha morreu, pediu aos patrões para que lhe cedessem um dos quartos da casa onde ela e a sua neta pudessem dormir. Os patrões aceitaram o seu pedido, pois viam benefícios em terem a governanta por perto, especialmente porque a Srª. Sabrina se encontrava grávida de Nina e não podia usufruir novamente de uma licença de maternidade, pois a nível profissional seria tempo perdido e oportunidades desperdiçadas.

Dália é uma menina diferente do que vemos hoje em dia, provavelmente por ter sido criada pela avó. Gosta bastante de ler, tirar fotografias com a sua Instax e, quando se sente mais em baixo, adora escrever cartas a si mesma, como se fosse a sua própria confidente. Como todos os adolescentes da sua idade, tem a sua conta nas redes sociais onde publica grande parte das suas fotografias e conversa com os amigos mais chegados.

Nina e Dália têm uma diferença mínima de idades, Dália é apenas sete meses mais velha, por isso ambas são bastante próximas. Têm a paixão pela leitura em comum, provavelmente por Nina ter sido de certa forma criada pela Dona Adelaide, que sempre gostou de lhe contar histórias. Por outro lado, Nicolas não se importava muito com a sua irmã e com a neta da governanta, pois nunca teve uma grande empatia com as duas. Ele é cinco anos mais velho e um adolescente principalmente preocupado com o seu número de seguidores nas redes sociais e com o futebol, e, ao contrário das raparigas, apenas lê tópicos desportivos.

Recentemente, Dália tem-se sentido incompleta e mais curiosa em saber quem é o seu verdadeiro pai, mas não pergunta à avó porque já sabe qual será a sua resposta... Na semana do seu aniversário, Adelaide perguntou à neta o que queria receber, foi então que a menina viu a sua oportunidade e, usando os seus melhores argumentos, pediu à avó que lhe contasse mais acerca do seu pai. Finalmente, a avó cedeu e contou à neta que o pai nunca soube da sua existência, já que ele tinha terminado o namoro com a mãe antes de saber da gravidez dela. Dália também queria saber onde é que o poderia encontrar, a avó revelou-lhe o local de trabalho do pai e prometeu ser a própria a levá-la ao seu encontro.

Como prometido, a avó levou a neta a conhecer o pai, Jorge, que trabalha como fotógrafo numa revista. Adelaide esperou junto ao carro e deixou a neta seguir o caminho sozinha. Dália iria finalmente falar com o seu pai, porém não encontrou as palavras certas e acabou por se apresentar como uma fã do seu trabalho de fotógrafo. Jorge ofereceu-se para tirar uma fotografia com a menina e a autografá-la. Dália, para evitar que aquela fosse a primeira e última vez que visse o seu pai, mostrou algumas das suas fotografias e ofereceu-se como ajudante e aprendiz, sem a necessidade de qualquer pagamento.

Passada uma semana desde o encontro entre pai e filha, Dália sentia-se bastante empenhada em trabalhar com o progenitor e em conhecê-lo melhor. Já o segue em todas as redes sociais, sabe que está “num relacionamento” e que não tem filhos e partilham o gosto pela música rap com versos fortes e significativos.

Olívia, a madrinha de Dália, vivia fora daquela zona e era a melhor amiga da mãe. Ela vinha visitar Dália todos os meses e conhecia-a muito bem, por isso começou a desconfiar de que algo se passava na vida da sua afilhada, pois reparou que Dália começara a seguir o pai e a gostar das publicações do mesmo. Olívia, embora nunca tivesse revelado a ninguém, sempre soube quem era o pai de Dália, pois a sua amiga contou-lhe mesmo antes de contar à sua mãe, a Dona Adelaide, porém nunca revelou à afilhada ou ao Jorge que sabia de toda a verdade. Olívia combinou visitar Dália assim que reparou na aproximação cada vez mais evidente entre Jorge e a filha (através das redes sociais).

Quando a madrinha viu Dália sentiu necessidade em perguntar-lhe quem era o tal fotógrafo que ela andava a seguir. Esta respondeu-lhe dizendo que era um fotógrafo que andava a ajudar recentemente. Olívia não gostava da situação, nunca apoiou a relação do Jorge com a mãe da menina. Após pôr a conversa em dia com Dália, foi fazer uma visita a Jorge, este reconheceu-a de imediato e recordou-se da ex-namorada, primeiro ficou confuso pois, da última vez que falaram foi sobre o mal que ele fazia à namorada e em como não deviam estar juntos, razão que o levou a terminar o relacionamento na altura e, logo de seguida, toda a verdade veio ao de cima!

Entretanto, Dália ligou à madrinha a perguntar-lhe se iam jantar juntas com a avó. Jorge ouviu a voz de Dália e reparou que no telemóvel de Olívia dizia “afilhada”. Jorge não hesitou em questionar a Olívia e a revelar-lhe que conhecia a menina. Aproveitou para saber um pouco mais sobre ela e a sua família, nomeadamente sobre quem eram os pais da aspirante a fotógrafa. Apesar da recente proximidade, Dália nunca tinha falado sobre a sua família a Jorge e, naquele momento, Olívia soube que deveria revelar a verdade, pois a proximidade entre ambos era notória e rapidamente iriam chegar à conclusão de que ele era o pai da Dália.

Passaram-se alguns dias desde que Jorge tomou conhecimento da verdade, mas não sabia como abordar a sua filha, porém não foi necessário, pois Dália, decidida como sempre, tomou a iniciativa e revelou ser sua filha. Este disse-lhe, com toda a sinceridade, que tinha descoberto há cerca de três dias mas que não sabia como abordar o assunto e aproximar-se mais dela.

Os dois choraram e abraçaram-se. A avó ficou feliz pela neta e passados tantos anos voltou a estabelecer contacto com o pai de Dália, para o bem da sua menina e por achar que seria o que a sua filha gostaria que acontecesse. Finalmente Dália sentia-se completa!

Joana Alves, 10º C, n.º 13

sexta-feira, 3 de julho de 2020

HOMENAGEM
Carlos Ruiz Zafron

Em jeito de homenagem ao enorme escritor que nos deixou fisicamente, mas em termos artísticos e literários, proponho a audição de La Sombra del Viento, em língua castelhana. 



Prfª. Eunice Silva

sexta-feira, 29 de maio de 2020


in: https://blogue.rbe.mec.pt

https://brasil.elpais.com/ideas/2020-05-24/ler-em-um-formato-diferente-e-ler-pior.html?fbclid=IwAR2Dp6D0KBctRIQl86bHs3zBd0Gr9DBz29PC-91ZSXMFg1ZxNcWM_MDMxb0

Ler em um formato diferente é ler pior?

O confinamento aumentou ainda mais a digitalização de nossa leitura, que transforma silenciosamente nossos circuitos neurais. Há vantagens em consumir conteúdo em papel em relação ao do celular ou de um e-book?

Jovem lê um livro digtal em Sevilla, na Espanha, no último dia 20 de maio.
Jovem lê um livro digtal em Sevilla, na Espanha, no último dia 20 de maio.PACO PUENTES / EL PAIS
Carmen Pérez-Lanzac
O circuito neural que nos dá a capacidade cerebral para ler está mudando rapidamente para todos. Tablets, computadores, laptops, Kindles e celulares estão substituindo os antigos livros, promovendo uma transformação silenciosa em cada um de nós. O ser humano não nasceu para ler. A aquisição da alfabetização é uma das conquistas mais importantes do Homo sapiens. O ato de ler reorganizou completamente um circuito de nosso cérebro. Mudou a própria estrutura das conexões neurais e isso transformou a natureza do pensamento humano. Em 6.000 anos, a leitura deu impulso ao nosso desenvolvimento intelectual. A qualidade de nossa leitura não é apenas um indicador de nosso pensamento, é a melhor maneira que conhecemos para desenvolver novos caminhos na evolução cerebral de nossa espécie. Mas, como mudou a qualidade de nossa atenção à medida que lemos mais e mais em telas e dispositivos digitais? Este processo vem sendo reforçado durante o confinamento. Nossa capacidade de percepção estará, como afirmou o filósofo Josef Pieper, diminuindo ao nos depararmos com um excesso de estímulos e informações?
Em seu livro O Cérebro no Mundo Digital - Os Desafios da Leitura na Nossa Era (Editora Contexto), a neurocientista Maryanne Wolf, diretora do Centro para a Dislexia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, observa que no cérebro impera uma máxima: "Use essa capacidade ou perca-a". Assim, cada meio de leitura beneficia alguns processos cognitivos em detrimento de outros. Wolf lança uma pergunta: a mistura de estímulos que distraem continuamente nossa atenção e o acesso imediato a várias fontes de informação dá ao leitor menos incentivo para construir suas próprias reservas de conhecimento e pensar criticamente por si mesmo?
A plasticidade do nosso cérebro nos permite formar circuitos cada vez mais extensos e sofisticados, dependendo do que lemos e em que plataforma o fazemos. Como sugeriu o psicólogo cognitivo Keith Stanovich, aqueles que não leram muito e bem terão menos bases para a inferência, a dedução e o pensamento analógico, ficando propensos a serem vítimas de informações falsas ou não comprovadas. Wolf acredita que não vemos mais nem ouvimos com a mesma qualidade de atenção porque vemos e ouvimos muito e, além disso, também queremos mais.
Ela mesma vivenciou a mudança. Teve que se esforçar para reler O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse, um dos livros que a marcaram em sua juventude e que lembrava que não era especialmente leve. Depois de um primeiro fracasso, teve que definir períodos de leitura de 20 minutos para terminar o livro, o que lhe tomou duas semanas. “O ritmo vertiginoso com que eu costumara ler meus gigabytes diários de informações não me permitia parar o tempo suficiente para entender o que Hesse estava transmitindo”, escreve ela em O Cérebro no Mundo Digital.
A linguista Naomi Baron é, com Wolf, a ponta de lança dessa questão nos Estados Unidos. Baron comenta que os jovens trocam de mídia 27 vezes por hora e, em média, consultam o celular entre 150 e 190 vezes por dia. Por sua plasticidade, afirma o neurocientista argentino Facundo Manes, o cérebro se adapta às mudanças ambientais e a atenção que dedicamos aos avanços possíveis graças às novas tecnologias nos faz enfrentar uma nova maneira de processar informações. O cérebro tem que se adaptar a essas mudanças, e as crianças e os jovens que estão crescendo entregues às novas tecnologias possivelmente desenvolvam e potencializem a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo "em detrimento de outras habilidades”.
Nem todos os especialistas concordam com essa tese ou acreditam que nossa leitura seja afetada pelo formato escolhido. A Comissão Europeia quis fomentar o debate, por isso, apoiou entre 2014 e 2018 (com um milhão de euros no total, cerca de 6 milhões de reais) o projeto E-Read, que financiou 200 professores universitários de toda a Europa para estudar o assunto e se reunirem regularmente. Anne Mangen, do Centro de Leitura da Universidade de Stavanger, na Noruega, foi uma das coordenadoras do grupo. Vários estudos merecem destaque nessa experiência, dois deles da própria Mangen: ela comparou o entendimento impresso e no Kindle de um conto apimentado e de outro de mistério de 28 páginas (o mais longo estudado até o momento) entre um grupo de alunos do ensino médio. Concluiu que os alunos que leram o livro impresso entenderam melhor as duas histórias, principalmente na hora de ordená-las cronologicamente.
Ladislao Salmerón, professor de Psicologia Evolutiva e Educação da Universidade de Valência, foi com seu então estagiário, Pablo Delgado, o autor do estudo mais relevante da equipe conhecida como Grupo Stavanger. Eles realizaram um metaestudo de 54 estudos realizados entre 2000 e 2017, com um total de 170.000 participantes de diferentes idades, que demonstra que a compreensão de textos expositivos e informativos (não narrativos) é maior quando são lidos em papel do que em mídia digital, especialmente se o leitor está com um tempo de leitura limitado. “O que descobrimos é que, em igualdade de condições, sistematicamente se entende melhor o que é lido em papel”, diz Salmerón. E o que mais o surpreendeu: quanto mais jovens as pessoas, maior a diferença de compreensão entre os dois formatos.
Durante a década passada, houve um importante esforço para aproximar as telas das escolas. O projeto One Toplap per Child, planejado para reduzir o fosso digital, levou minicomputadores para crianças do Uruguai a Ruanda. Outros projetos os levaram a Glasgow ou ao Estado do Kansas. Também na Espanha houve esforços para aproximar a tecnologia dos pequenos. O Governo da Andaluzia entregou um minicomputador a 390.000 estudantes. Salmerón, que está em contato com a comunidade educacional, diz que recebe cada vez mais pedidos para falar sobre os possíveis efeitos negativos da leitura excessiva nas telas. "A tecnologia entrou nas escolas levada por esperança e fé", diz Anna Mangen, "e muita gente tem vergonha de se tornar antiquada vetando a tecnologia". Ladislao não se esquecer da reação de um alto funcionário dinamarquês que participou de uma das apresentações do Grupo Stavanger: "Mas o que fizemos?”.
Um dos assuntos que preocupam os especialistas em ensino é o efeito que essa nova maneira de ler pode ter nas universidades. Uma pesquisa realizada por Baron e Mangen com professores universitários dos Estados Unidos e da Noruega, que será divulgada no próximo ano, revelou que 40% dos 150 entrevistados pedem aos alunos menos leituras que antes e um terço deles respondeu que fazia isso porque diretamente não liam o que lhes pediam que lessem. No total, 81% afirmaram que em sua opinião a tecnologia digital está levando os alunos a leituras mais superficiais.

Distintos graus de interesse na Europa

Antes de decretar o estado de alarme, Salmerón preparava um estudo com cerca de 100 estudantes universitários para detectar, por meio de um eletroencefalograma, o nível de atenção durante a leitura em formato impresso e digital (o financiamento era do BBVA). Atualmente, ele está computando os resultados de uma pesquisa com 4.000 espanhóis sobre as mudanças nos hábitos de leitura durante o confinamento. O professor acredita que, embora o aumento da leitura digital ajude a se chegar a alunos que, de outra forma, não teriam acesso às leituras em papel, é urgente encontrar soluções para limitar os efeitos negativos que o formato digital tem na compreensão da leitura. Ele vê um contraste importante no interesse por essa questão em relação ao norte da Europa. Diz que, para fazer um estudo sobre o benefício da leitura nas telas, encontra inúmeros candidatos. Por outro lado, para estudar seu lado negativo, é difícil encontrar participantes e patrocinadores. Cita André Schueller-Zwierlein, responsável pela biblioteca da Universidade de Regensburg (Alemanha), por seu esforço na promoção da leitura profunda. Schueller-Zwierlein considera que as bibliotecas têm a responsabilidade de criar salas diferentes para diferentes tipos de leitura (em sua biblioteca há 13 salas diferentes) e promover o ensino das habilidades de leitura.
Há pouco mais de um ano, o Grupo Stavanger divulgou uma declaração resumindo os resultados obtidos pelos pesquisadores participantes. Um dos responsáveis ​​pela redação, Paul van den Broek, especialista holandês e membro do grupo de profissionais que prepara o relatório PISA, destaca que não se opõe à leitura digital, mas ressalta que cada formato tem um público para o qual é adequado e que o assunto precisa ser aprofundado. A declaração defende a relevância do texto impresso para a leitura de textos longos, especialmente quando se trata de compreender em profundidade e reter informações.
Dentre as recomendações incluídas, três se destacam: 1) ampliar a pesquisa sobre as condições em que o aprendizado e a compreensão em textos impressos e digitais aumentam ou diminuem, 2) o ensino aos estudantes de estratégias de domínio da leitura em profundidade no ambiente digital e que as instituições educacionais motivem os alunos a ler livros impressos em sua grade curricular e 3) que os professores estejam cientes de que intercambiar o aprendido mediante papel e lápis não é indiferente à mudança para o digital.
Ler nem sempre é divertido. Implica esforço, diz Anna Mangen. “Devemos pedir evidências de que a leitura digital melhora a leitura”, diz a especialista norueguesa, que enfatiza: “É importante, pois é uma questão de saúde mental”. Como disse o visionário tecnológico Edward Tenner, seria uma pena se uma tecnologia tão genial acabasse ameaçando o tipo de intelecto que a tornou possível.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Materiais de apoio ao estudo d'Os Lusíadas, nomeadamente, de todas as Reflexões do Poeta.

Material de estudo compilado pela Profª Luisa Dordio para todos os alunos.
Um muito obrigado.






terça-feira, 19 de maio de 2020

Materiais de apoio organizados pelo 
prof. António Gonçalves
No âmbito da disponibilização -pela biblioteca- de materiais de apoio às diferentes disciplinas, envio uma  relação de links para uns Kahoots que fiz sobre conteúdos do 10º ano de Filosofia.
Envio também uma recolha dos endereços de vídeos no youtube onde podemos encontrar aulas de filosofia do 10º e 11º ano produzidas no âmbito do telensino pela Direção Geral de Educação da Madeira /RTPMadeira. No mesmo documento também estão os links para os materiais de apoio a essas aulas e que estão disponibilizados na própria página criada sob a tutela da DGEMadeira - telensino.


António Gonçalves



MATERIAIS DE APOIO À DISCIPLINA DE FILOSOFIA

Kahoots (materiais produzidos em função do manual adotado pela escola)
Valores – subjetivismo e objetivismo axiológico:
O Subjetivismo axiológico:
Valores morais – o utilitarismo:


Pela Direção Regional de Educação da Madeira - Telensino
Página inicial com um conjunto de recursos para apoiar o ensino a distância:

Especificamente para o ensino secundário:

Filosofia – 10º ano:

§  Filosofia MoralAula 1 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia Moral – Aula 2 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia Moral – Aula 3 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):

§  Material de apoio à aulas sobre a Filosofia Moral (disponível DREMadeira – telensino):


Filosofia – 11º ano:

§  Filosofia da ArteAula 1 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da Arte – Aula 2 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da Arte. Teorias especialistas – Aula 3 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da Arte – Aula 4 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da ReligiãoAula 5 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da Religião – Aula 6 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):
§  Filosofia da Religião – Aula 7 (disponível no Youtube / RTP Madeira – telensino):

Material de apoio às aulas online (telensino) de Filosofia – 11º ano
§  Teorias da arte essencialistas:
§  Teorias da arte não essencialistas:


segunda-feira, 18 de maio de 2020

in: https://notapositiva.com/portefolio-de-portugues-do-12o-ano/#

APOIO AO ESTUDO DOS LUSÍADAS E OUTRAS OBRAS
em slideshare

https://notapositiva.com/portefolio-de-portugues-do-12o-ano/#
in:https://notapositiva.com/portefolio-de-portugues-do-12o-ano/#

Clara Rodrigues

Escola
Colégio de São Gonçalo - Penafiel

Portefólio de Português do 12º Ano

Todos os trabalhos publicados foram gentilmente enviados por estudantes – se também quiseres contribuir para apoiar o nosso portal faz como o(a) Clara Rodrigues e envia também os teus trabalhos, resumos e apontamentos para o nosso mail: geral@notapositiva.com.

Resumo do trabalho

Portefólio de português, com matéria sobre Luís de Camões e Fernando Pessoa, incluindo a análise de numerosos poemas...


Conteúdos programáticos de Português e Linhas temáticas essenciais

Fernando Pessoa

Análise de poemas
Alberto Caeiro o “Mestre tranquilo da sensação”
Análise de poemas
Alberto Caeiro o “Mestre tranquilo da sensação”
Álvaro de Campos “o filho indisciplinado da sensação”
Análise de poemas
Álvaro de Campos o filho indisciplinado da sensação
Ricardo Reis “o poeta da autodisciplina”
Análise de poemas
Luís de Camões
Luís de Camões – a vida e a obra
Análise de poemas
  • Canto I
  • Canto II
  • Canto III
  • Canto IV
  • Canto V
  • Canto VI
  • Canto VII
  • Canto VIII
  • Canto IX
  • Canto X
A Mensagem de Fernando Pessoa

Análise de poemas “Mensagem”

Primeira Parte – Brasão
O dos castelos
Afonso Henriques Sebastião Rei de Portugal
Segunda Parte – Mar Português
in: https://www.culturagenial.com/os-lusiadas-de-camoes/



Livro Os Lusíadas, de Camões


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Publicado em 1572, o livro Os Lusíadas, de Camões, é um clássico da literatura portuguesa. Divido em dez cantos, o longo poema épico é um grande elogio ao povo português.

Resumo

Na epopeia de Camões o objetivo é cantar a pátria, a história de Portugal. Os versos camonianos celebram os “feitos da famosa gente” portuguesa (canto I), enaltecem “o peito ilustre lusitano” (canto I). A viagem de expansão marítima se torna pretexto para que toda a história passada de Portugal seja cantada.
“Há um propósito de imortalização coletiva n’Os Lusíadas”.
Helder Macedo
Os Lusíadas também ilustram uma época e demonstram a incapacidade do europeu, mais especificamente do português, de sair de si para identificar-se com o Outro. No poema se observa um europeu impermeável a cultura do Oriente, incapaz de compreendê-la.
Camões evidencia a todo o momento uma preocupação em dizer a verdade no seu poema épico, ele frisa em diversas passagens o desejo de cantar os acontecimentos que julga verdadeiros com total transparência: “A verdade que eu conto, nua e crua,/ Vence toda a grandíloca escritura” (Canto V)
Conheça os primeiros versos do poema, retirados do canto I:
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
As primeiras linhas do poema épico anunciam o percurso das grandes navegações e o rumo que o poema épico irá tomar. Os versos dedicam-se a homenagear o povo português, aqueles que superaram perigos e guerras para fazer avançar o Império e a Fé.
Além de narrar a conquista do novo reino, Camões já nas primeiras linhas se compromete a contar a história, se for capaz de tamanho “engenho e arte”. Além de narrar a genealogia de Portugal, das conquistas ultramarinas, o poema exalta, sobretudo, o povo português.

Capa de Os Lusíadas, edição de 1572.
Capa da primeira edição de Os Lusíadas.

Estrutura

O poema épica é dividido em dez cantos. No total são 1.102 estrofes, cada uma com oito versos, todos decassílabos heroicos.

Estilo da narração

A narrativa começa in medias res (ou seja parte do meio da ação para então voltar a narrar para trás), no meio da viagem de Vasco da Gama. A história de Portugal é contada cronologicamente por Vasco da Gama ao rei de Melinde. A viagem à Índia é metonímia de todas as navegações portuguesas.
A construção do poema em si é extremamente bem delineada e repetitiva. O herói guerreiro é protegido por determinados deuses e perseguido por outros até que, graças a sua valentia, coragem e persistência, supera as armadilhas e consegue chegar a terra distante, onde funda novo reino.
O principal inimigo dos portugueses é Baco, que sente ciúme e inveja, e é responsável, direta ou indiretamente, por todas as ciladas.

O episódio do velho do Restelo

Embora Os Lusíadas seja um elogio as grandes navegações, há um episódio, no canto IV, que se apresenta como a contra voz dentro do poema.
O velho do Restelo é aquele que questiona e em última instância discorda da partida das naus, representando aqueles que ficam para trás após a partida dos homens para a grande empreitada.
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só d'experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
- «Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cüa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

O episódio da Ilha dos Amores

Outra contradição dentro do poema é a presença da Ilha dos Amores. No canto IX, um lugar místico surge em meio a rota onde os guerreiros vão repousar, rodeados de amantes. Em um poema que louva o império da Fé é de se surpreender a presença de um trecho como este:
Oh, que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.

Sobre a censura

Os versos de Os Lusíadas foram pouquíssimo censurados. Embora fizessem alusão ao amor carnal e ao culto pagão em uma época em que os Jesuítas governavam, a obra caiu na mão de um censor dominicano. Frei Bartolomeu Ferreira não só não solicitou grandes cortes e alterações como elogiou o Autor e o premiou. Camões passou a receber tença anual de quinze mil réis graças ao elogio do seu censor.
A 2ª edição foi publicada em 1584, já com alguma censura.
No entanto, em 1840, na Espanha, já havia duas traduções fiéis ao texto na íntegra.

Curiosidade sobre a composição da obra

Você sabia que a redação de Os Lusíadas durou mais de uma dúzia de anos?
Fica claro durante a leitura do poema de Camões como o autor recebeu profunda influência do gênero épico, especialmente de Ilíada e Odisseia.
As epopeias ocidentais cantam originalmente os grandes feitos, as vitórias de um povo conquistador, as peripécias da guerra, os grandes heróis em um espaço territorial ainda não organizado sob a forma de civilização urbana.

Leia Os Lusíadas na íntegra

O clássico Os Lusíadas encontra-se disponível para download gratuito em formato pdf.

Os Lusíadas em audiolivro

Uma outra maneira de conhecer o clássico camoniano é ouvindo os seus versos, o poema épico está disponível na íntegra:

 https://youtu.be/OtU0jqEnLt

Que tal conhecer um pouco melhor o poeta Luís de Camões?
Nascido em 1524 ou 1525, provavelmente originário de uma família da Galiza, suspeita-se que tenha frequentado ao mesmo tempo centros aristocráticos e o circuito boêmio de Lisboa. De toda forma esteve de fora do círculo dos letrados, se envolveu em confusões, foi preso, degredado.
Segundo Manuel Severim de Faria, primeiro biógrafo de Camões, o poeta foi preso em Goa, em 1556, por um governador da Índia. Logo em seguida foi exilado para a China. No canto X de Os Lusíadas há uma referência ao “injusto mando”.
Nessa ocasião houve um naufrágio no navio onde Camões estava, reza a lenda que o escritor salvou o seu manuscrito a nado. Camões regressa a Portugal em 1569.

Camões
Retrato de Camões.
Em 1571, finaliza Os Lusíadas e o oferece a D.Sebastião, obtendo o alvará que permite a impressão (desde que condicionada a uma licença especial, que a obra passe pela avaliação da inquisição). Em 1572, Os Lusíadas é impresso.
Além de ter escrito o maior poema épico em língua portuguesa, Camões também criou célebres versos de amor. É de sua autoria, por exemplo, o poema Amor é fogo que arde sem se ver.

Retrato de Camões.
Retrato de Camões.

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