quinta-feira, 15 de outubro de 2015

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editorial-297



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Regras e castigos
Antes de dormir, lavamos os dentes”!”, “À mesa não se canta!”, “É muito feio mentir!”, “Está na hora de ir para a cama!”, “Gomas só em dias de festa”, “Não se joga à bola em casa!”, “Os brinquedos arrumam-se no fim!”, “Os bróculos também são para comer!”, “Quando pedimos, dizemos ‘por favor’, quando nos dão dizemos ‘obrigado’”…
Cada um, no seu tom e jeito, dita e incute aos filhos um conjunto de princípios que, de modo mais ou menos subtil, acaba por lhes moldar os gestos e os pensamentos. Fruto de valores que recebemos ou que apadrinhamos, passamos-lhes assim os modos e alicerces que lhes irão ditar (grande parte da) personalidade e do ser.
Dizem os estudiosos que quanto mais cedo e consistente o fizermos, melhor. E que as regras ajudam as crianças a crescer mais seguras, confiantes, cooperantes… e felizes. Mas avisam também que o excesso de autoridade, à semelhança da permissividade, tem o mesmo efeito. Ou seja, pais autoritários e pais permissivos acabam por gerar crianças inseguras e com fraca autoestima. 
Por isso, como em tudo na vida, também aqui há que ter bom senso, não exagerar e, se necessário, flexibilizar. E encontrar a melhor forma de comunicar (e convencer) os nossos filhos a obedecer-nos e, sobretudo, a acreditar naquelas regras e normas.
Da mesma forma, talvez seja bom repensar algumas formas de os repreender ou punir.  É que, provavelmente, mandá-los para o canto do quarto pensar naquilo que fizeram ou privá-los de um mês de televisão talvez não sejam os melhores métodos para lhes fazer ver a razão.
O psiquiatra Daniel Siegle, que acaba de escrever “Disciplina sem Dramas”, diz, em entrevista publicada nesta edição, que “é preferível ser um pai-professor do que um pai guarda-prisional” e que um excesso de castigos pode “entorpecer” a relação com os filhos ou mesmo ter um impacto no seu desenvolvimento cerebral. Mas também lembra que “não existe uma varinha mágica”…
A verdade é que, nestas coisas de educar e, em particular, de incutir regras e aplicar castigos, não devemos apregoar certezas absolutas. Porque os “contextos” são cada vez mais incertos e desconhecidos, porque cada criança é única e sobretudo porque os pais, por mais bem intencionados e informados, também duvidam e falham (quantas vezes não deixamos escapar uns berros, fazemos “orelha moucas” a respostas tortas ou nos arrependemos do peso do castigo?).
Mas não há que dramatizar. Ninguém é perfeito. E também nós, pais, quando vacilamos,  erramos ou mentimos aos nossos filhos, estamos a aprender. Afinal, a educação, mais que uma ciência, é uma arte... inacabada.

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