quinta-feira, 12 de março de 2015






Noitadas dos filhos. É a conversar que a gente se entende

O sonho do Afonso é ir “comer um gelado ao Urban”. Aos 12 anos, o mais novo de quatro irmãos não sabe muito bem de que estão a falar quando se referem àquela discoteca de Lisboa – mas sabe que também lá quer ir. Leonor Picão reconhece o discurso, já o ouviu antes por três vezes. “Com o primeiro filho não sabíamos como ia correr, mas agora durmo muito mais descansada”, admite. O João Maria tem agora 22 anos, a Clara 20 e o António Maria (o Tocas, lá em casa) 17. Com intervalos de dois anos e pouco, cada um foi dando os primeiros passos nas saídas à noite. Leonor sempre encarou o assunto abertamente, nunca tentou fugir aos temas difíceis. “O problema dos pais é pensarem que os filhos não vão beber quando saem à noite”, diz.
Leonor até teve “sorte”, a esse respeito. Todos os filhos praticam desporto como federados e têm regularmente provas nas manhãs dos fins-de-semana. São “eles próprios” que gerem as saídas em função das responsabilidades que têm, e “isso reduz muito” as noitadas. A margem de liberdade é larga, é certo, mas isso só está garantido enquanto as coisas correrem bem. Quando há uma saída no horizonte, Leonor espera que sejam os filhos a sugerir uma hora de regresso a casa. A partir daí, negoceiam-se as condições, mas há questões de que a mãe não abdica: o telemóvel tem de estar sempre ligado para qualquer eventualidade. “Está na mão deles fazer com que possamos continuar a confiar”. E eles sabem disso. Saber com quem os filhos vão sair e ficar com o contacto de um dos amigos são outras estratégias de prevenção importantes que o psiquiatra Daniel Sampaio destaca. 
Respirar fundo
O regresso a casa no final da noite, o consumo desenfreado de álcool, pegar nos carros depois de beber, sexo inconsequente – perigos não faltam, mas é preciso aprender a “respirar fundo”, porque “os pais são sempre os primeiros a saber quando alguma coisa corre mal”, assegura Daniel Sampaio. No seu consultório nunca faltam pais a pedir-lhe ajuda por não conseguirem lidar com estes problemas dos filhos, típicos da adolescência. É a partir dos 12, 13 anos que a conversa das saídas à noite começa a ser lançada para cima da mesa. Dessa conversa até à prática hão-de passar mais dois, três anos, mas o momento em que o adolescente deve começar a roer o cordão umbilical “depende muito do grau de maturidade e da relação com os pais”, diz Daniel Sampaio. “Sair em confronto com os pais é que nunca deve acontecer”. 
A experiência deve ser gradual. Uma coisa são os jantares perto de casa com regresso logo a seguir. Outra, bem diferente, são as “noitadas” prolongadas. “Quando têm 12 anos, os pais podem dizer-lhes que podem ir jantar fora e voltar depois disso e, se tudo correr bem, pode ir-se alargando o período de saída”. Mário Cordeiro sublinha por baixo: “As saídas têm de começar, a dada altura, dado que representam um passo no processo de autonomia e de identidade do adolescente, mas devem ser graduais e controladas”, no sentido em que deve haver “respeito pelo que tiver sido combinado”, defende o pediatra. 
Derrapagens nas horas
O problema é quando as coisas não correm da melhor forma. Leonor Picão reconhece que, de vez em quando, há uma mensagem que chega. “Mãe, posso chegar 15 minutos mais tarde?”. Isso não é grave, apesar de fugir ao combinado inicial. Mais complicado é quando os filhos acertam uma hora com os pais e o horário derrapa 30, 45 minutos ou uma hora. Aí, não há como escapar – há que aplicar uma “penalização”, sublinha DanielSampaio. Mas a “proibição” de ir sair com os amigos na oportunidade seguinte não é solução, defende o psiquiatra. “Se chegou meia hora atrasado da última vez, o mais indicado é retirar trinta minutos à hora de chegada da saída seguinte”, considera. É que “esticar a corda” faz parte do processo de “afirmação da identidade e da pessoa”, diz Mário Cordeiro.
Conceitos como a adolescência e o lidar com as regras estabelecidas pelos pais nem sempre andam de mão dada, “mas se virem, da parte dos pais, coerência e consistência, e se perceberem – através de conversas anteriores à saída – que essas regras existem para os protegerem a eles, então os conflitos e as infracções serão menores”, garante o pediatra. O que Leonor nunca tentou foi transformar as saídas à noite num “fruto proibido”. O princípio foi sempre o mesmo: “Não te esqueças de que é a tua cabeça que manda, és tu que decides”, diz de cada vez que o Tocas – ele que está agora numa idade mais “intensa” – se prepara para sair com os amigos.  
A mensagem é simples, mas Leonor também sabe que é importante reforçar a ideia, sobretudo quando o filho está numa idade em que quer “fazer boa figura à frente do grupo” e que isso pode a descarrilar para escolhas menos acertadas. “É direito mas também dever dos pais entusiasmarem os filhos no seu percurso de vida e fomentar a autonomia, mas também refrear excessos e prevenir situações que possam ocorrer, mesmo que sejam apenas probabilidades eventuais”, destaca MárioCordeiro.
http://www.msn.com/pt-pt/lifestyle/familia/noitadas-dos-filhos-%C3%A9-a-conversar-que-a-gente-se-entende/ar-BBiaI7Z

SEMANA DA LEITURA

Na próxima semana, de 16 a 20 de março, irá realizar-se a Semana Nacional da Leitura na Nossa escola, subordinado ao tema: Palavras do mundo.
Aqui se apresenta o calendário de atividades que se vão realizar a Nossa escola.

Participa também com textos escolhidos por ti.





O prof. João Lopes realizou uma ação de formação com a turma do 10ºC, acompanhada pela 
profª. Anabela Conceição, sobre o tema: Como redigir um trabalho escrito.
















EUROPASS
Decorreu na biblioteca, dia 10 de março, uma formação sobre o Europass com o prof. João Lopes e a turma do VOC4.









terça-feira, 10 de março de 2015



Escrito por Paulo Oom Segunda, 09 Março 2015 | Visto - 1518



Antes da entrada para o 1º ciclo, todas as crianças devem fazer alguns rastreios médicos para despistar eventuais problemas e resolvê-los a tempo.
Hoje, mais do que esperar que alguma doença se manifeste, a atenção da Pediatria está virada para a prevenção. É por isso que existem os rastreios, como formas de identificar pequenas alterações antes que estas se manifestem no dia-a-dia da criança. Desta forma, qualquer problema eventualmente encontrado, pode ser corrigido e evita-se que progrida, o que aconteceria se apenas fosse detetado mais tarde na vida da criança, muitas vezes, já numa fase irreversível. Na criança, alguns rastreios são especialmente importantes antes da entrada para o 1º ciclo. Todos devem ser efetuados por técnicos qualificados e treinados e a criança na qual é detetada alguma alteração deve ser prontamente encaminhada para o médico especialista da respetiva área.
Visão
A maioria das pequenas alterações da visão podem passar despercebidas na vida do dia-a-dia. Só nos casos mais graves os pais ou o pediatra conseguem detetar que algo não está bem e que a criança tem algum problema de visão. Por outro lado, os olhos necessitam de ser estimulados para se desenvolverem e, nos casos em que um dos olhos é menos utilizado pela criança, a tendência é para que seja utilizado cada vez menos, levando a um ciclo vicioso que termina, muitas vezes, em situações irreversíveis, incluindo a perda total de visão de um dos olhos.
A realização do rastreio visual permite detetar estas pequenas alterações para que possam ser corrigidas precocemente e não evoluam para situações mais graves. Cerca de 20 por cento das crianças necessitam de usar óculos antes de completarem dez anos. As alterações da visão podem interferir de forma importante com o rendimento escolar, pois a criança que não vê bem não consegue aprender da mesma forma que os seus companheiros e muitas vezes desinteressa-se da aprendizagem.
Quando deve ser realizado
É muito raro ser a criança a queixar-se de que não consegue ver bem. O rastreio simplificado da visão é efetuado em todas as consultas de rotina pelo pediatra que acompanha a criança, de uma forma adaptada à sua idade. Os pais e educadores são também responsáveis por este rastreio, pois é com eles que a criança passa a maioria do tempo.
Independentemente de tudo isto, a criança deve fazer um rastreio completo da visão, assim que consegue colaborar na realização de alguns testes, o que acontece por volta dos três a quatro anos. Caso o rastreio seja difícil por pouca colaboração da criança, deve ser repetido seis meses depois, para que não fiquem quaisquer dúvidas sobre a sua capacidade visual. Após este rastreio inicial, todas as crianças devem repetir os testes de visão de dois em dois anos.
Algumas crianças necessitam de uma consulta com o oftalmologista antes do rastreio dos três-quatro anos. São exemplos as crianças que:
• foram prematuras;
• estão constantemente a coçar os olhos;
• revelam uma sensibilidade exagerada à luz;
• não são capazes de seguir um objeto com o olhar;
• têm os olhos desalinhados (estrabismo) de forma permanente (em qualquer idade) ou intermitentemente (após os 6 meses);
• têm os olhos sempre vermelhos;
• os olhos estão “sempre a chorar”;
• a pupila (“menina do olho”) é branca em vez de preta;
• existem na família pessoas com problemas de visão graves.

O que pode ser detetado 
Na maioria dos casos, não havendo suspeitas dos pais ou educadores e sendo as observações do médico assistente normais, é pouco provável que sejam encontradas alterações importantes durante o rastreio da visão. No entanto, algumas crianças podem apresentar pequenas alterações que passaram até aí despercebidas, entre as quais:
Miopia – a criança tem dificuldade em ver ao longe. Esta situação necessita de correção com óculos.
Hipermetropia – a criança tem dificuldade em ver ao perto. Esta situação tem tendência a corrigir, em parte, com a idade, pelo que se o grau de hipermetropia não for muito acentuado, o médico pode preferir aguardar a evolução e reavaliar a criança um ou dois anos depois. Pelo mesmo motivo, algumas crianças que necessitam de óculos na infância por terem hipermetropia, podem deixar de necessitar desta correção mais tarde.
Astigmatismo – situação em que a curvatura do olho não é completamente regular, mas um pouco mais ovalada. As crianças com este problema veem todos os objetos, próximos ou distantes, ligeiramente distorcidos. O astigmatismo pode ocorrer em simultâneo com a miopia ou a hipermetropia e deve ser corrigido com a utilização de óculos.
Presbiopia – situação também conhecida como “vista cansada”, deve-se a uma dificuldade em adaptar o olho para ver objetos demasiado perto. É um tipo específico de hipermetropia que tende a aparecer com a idade, normalmente a partir dos 40 anos. É muito rara em crianças.
Estrabismo – nesta situação os olhos não se encontram perfeitamente alinhados, sendo que um deles tem tendência a desviar-se, habitualmente para dentro (estrabismo convergente) ou, mais raramente, para fora (estrabismo divergente). O estrabismo convergente é uma situação frequente no bebé até aos seis meses, de forma intermitente, principalmente quando tenta focar objetos muito próximos. Mas depois desta idade, qualquer estrabismo deve ser investigado. Habitualmente o olho desviado tem tendência a tornar-se “preguiçoso”, o que significa que vai perdendo a sua capacidade de visão. O tratamento pode envolver diferentes métodos, incluindo a oclusão (“tapar”) o olho não desviado durante algumas horas por dia, para estimular a visão no olho afetado.
Ambliopia – é a situação mais grave que pode ser detetada, pois significa perda de visão em um ou nos dois olhos, por deficiência no olho ou nas vias visuais que ligam o olho ao cérebro. Pode ocorrer quando uma das situações anteriores não é detetada precocemente (antes dos oito anos) e o olho não é estimulado de forma correta.
 Audição
A surdez pode ter efeitos devastadores no desenvolvimento de uma criança pois impede a sua comunicação com o mundo exterior e o desenvolvimento da linguagem, levando ao aparecimento de dificuldades de aprendizagem, desajuste social e emocional e perturbações do comportamento.
A surdez pode ser congénita (estar presente desde o nascimento) ou adquirida (ser consequência de uma doença que ocorre mais tarde na vida da criança). Em cada mil recém-nascidos, um a seis podem sofrer de surdez logo na altura do nascimento, pelo que facilmente se percebe que esta fase da vida representa um momento privilegiado para proceder ao rastreio da audição. No entanto, apesar de a maioria dos casos de surdez congénita poder ser detetado nos primeiros dias de vida, os restantes vão-se desenvolvendo com o tempo e apenas se tornam aparentes mais tarde, pelo que é importante que o rastreio das dificuldades auditivas se prolongue ao longo dos primeiros anos de vida. Para além disso, metade dos casos de surdez podem ser adquiridos, ou seja, não estarem presentes desde o nascimento e surgirem como uma complicação de outra doença, como pode acontecer nas crianças que têm muitas otites, que tiveram uma meningite, sofreram um traumatismo craniano grave ou foram medicadas, em alguma fase da sua vida, com fármacos tóxicos para a audição.
Nos casos mais graves, quando a criança sofre de algum grau de surdez, a dificuldade auditiva é geralmente percebida pelos pais ou educadores, seja diretamente ou porque a criança não consegue realizar com sucesso as suas atividades escolares. Mas nos casos moderados ou ligeiros isso nem sempre acontece, pelo que efetuar o rastreio auditivo por rotina deve ser uma obrigação, de forma a detetar todas as crianças com qualquer grau de défice auditivo.

Quando deve ser realizado 
Todos os recém-nascidos devem ser submetidos a um rastreio da audição através de um método designado por Otoemissões. Este rastreio não necessita da colaboração do recém-nascido, que pode mesmo estar a dormir. Atualmente está disponível na maioria das maternidades e permite detetar um grande número de situações de surdez presentes na altura do nascimento. Não é, no entanto, um método infalível pois não deteta todos os tipos de surdez e alguns casos de surdez podem surgir apenas alguns anos mais tarde.
Ao longo das consultas de rotina, efetuadas pelo médico que acompanha a criança, a audição vai sendo analisada por diferentes métodos e, principalmente, através do relato que os pais fazem do dia-a-dia da criança, em casa e na escola. Qualquer dúvida dos pais ou educadores em relação a um eventual problema auditivo deve ser levada muito a sério e investigada de imediato.
Aos quatro anos, todas as crianças devem efetuar um rastreio auditivo por rotina, por um método designado por Audiometria. Com este teste, que envolve a colaboração da criança, qualquer défice auditivo pode ser detetado.  Em alguns casos, o rastreio deve ser feito mais precocemente, com a utilização de outro tipo de testes que não necessitam de colaboração da criança. As crianças em que o rastreio deve ser feito mais cedo são aquelas que:
• foram prematuras;
• estiveram internadas numa unidade de cuidados intensivos neonatal após o nascimento;
• têm na família pessoas com problemas de audição na infância;
• apresentam um atraso na aquisição da linguagem;
• estão sempre distraídas;
• têm dificuldades na aprendizagem;
• parecem ouvir só os sons mais intensos e mostram interesse em subir o som da televisão, não respondem quando chamadas ou falam demasiado alto;
• tiveram muitas otites;
• tiveram uma meningite bacteriana;

O que pode ser detetado
Um eventual problema de audição pode ser detetado e classificado de acordo com as seguintes características:
• afeta um ou os dois ouvidos;
• a causa está no ouvido em si, no nervo da audição ou na zona do cérebro que comanda a audição. Consoante a zona envolvida o prognóstico é diferente e as medidas de tratamento ao dispor, igualmente diferentes;
• grau ligeiro, moderado ou grave. O grau de deficiência é expresso em decibéis (dB), que representa a medida da intensidade de um som. Uma perda de acuidade auditiva até 20 dB pode ser considerada normal. A partir de 20 dB a perda auditiva é considerada ligeira. Uma perda superior, a 40 dB é classificada como moderada e acima de 70 dB como grave.
Qualquer perda de audição superior a 20 dB deve ser completamente investigada, e o tratamento correto iniciado de imediato, de forma a minimizar as suas consequências e permitir à criança uma vida normal e um desempenho escolar adequado.
 Dentário
A cárie dentária é uma das doenças infeciosas mais frequentes nas crianças e adolescentes. As estimativas são de que é cerca de cinco vezes mais frequente que a asma ou sete vezes mais frequente que a rinite. Em Portugal, cerca de dois terços das crianças com seis anos têm cárie dentária e aos 12 anos uma criança tem, em média, cerca de três dentes cariados, perdidos ou obturados.
A cárie dentária provoca dor e desconforto e, se não tratada, a perda do dente, de leite ou definitivo, com consequências não só ao nível da mastigação mas igualmente na aprendizagem da fala. Para além disso, a perda de dentes de leite permite que outros dentes ocupem espaços indevidos contribuindo para uma dentição definitiva em que os dentes estão mal posicionados, com as respetivas consequências estéticas, diminuindo a imagem que a criança ou adolescente tem de si mesmo e a sua autoconfiança.
Se bem que o rastreio dentário tenha um papel importante na deteção deste problema, a educação da criança deve ser orientada para os aspetos preventivos incluindo a escovagem diária dos dentes com uma escova e pasta dentífrica adequadas e hábitos alimentares saudáveis com evicção de açúcares fora das refeições.

Quando deve ser realizado 
A inspeção dos dentes deve ser realizada pelo médico que habitualmente assiste a criança, desde a erupção do primeiro incisivo, cerca dos seis meses. O rastreio formal da dentição deve ser realizado por volta dos três anos, altura em que está completa a dentição de leite (20 dentes). Em determinadas situações, em que o risco de desenvolvimento de cárie dentária é elevado, o rastreio deve ser antecipado, podendo ser realizado ainda antes da criança completar um ano de idade. Cabe ao médico assistente da criança determinar se o rastreio deve ou não ser antecipado. São razões para antecipar o rastreio, o facto de a criança:
• não efetuar a escovagem ou esta ser ineficaz;
• não usar pasta com a quantidade recomendada de flúor;
• ingerir com frequência alimentos açucarados, principalmente entre as refeições;
• beber leite à noite e não lavar os dentes de seguida;
• apresentar lesões ativas de cárie, obturações ou extrações devidas a cárie;
• ter um pai ou mãe com elevada incidência de cárie dentária;
• pertencer a um nível socioeconómico baixo;
• ser portadora de uma deficiência física ou mental;
• ingerir de forma prolongada medicamentos capazes de favorecer a cárie;
• ter uma doença (física ou mental) crónica.

O que pode ser encontrado 
O objetivo fundamental do rastreio dentário é a deteção precoce de sinais de cárie dentária com vista ao seu tratamento. Para além deste propósito, o rastreio é aproveitado para rever com a criança os princípios básicos dos cuidados a ter com os dentes, incluindo a sua limpeza e quais os hábitos alimentares mais saudáveis. Nas crianças com risco elevado de cárie podem ser colocados selantes de fissuras ou aplicado verniz de flúor, que conferem uma proteção adicional. 
 Pré-competências académicas
Um número razoável de crianças apresenta algumas dificuldades de aprendizagem, ainda no período pré-escolar. Estas dificuldades podem revestir diferentes aspetos como estarem relacionadas com perturbações globais da cognição, dificuldades da linguagem, no reconhecimento das letras ou de números ou da capacidade de atenção e concentração. O rastreio das pré-competências académicas consiste numa avaliação para despiste de eventuais dificuldades que possam perturbar o desempenho escolar no início do 1º ano do ciclo básico. Este rastreio deve ser efetuado por profissionais experientes nesta área e deve ser sempre complementado com as opiniões de pais e educadores, que lidam com a criança no dia-a-dia.

Quando deve ser realizado 
Deve ser realizado a crianças entre os cinco e os seis anos, sempre antes da entrada para o 1º ano do ciclo básico (idealmente, entre janeiro e abril do ano de entrada para o 1º ciclo, ou seja, quando a criança frequenta ainda o ensino pré-escolar). O rastreio deve ser realizado por um técnico com experiência nesta área e que compreenda bem as variações possíveis no desenvolvimento infantil ao longo da vida. Idealmente deverá ser executado por um Técnico Superior de Educação Especial e Reabilitação, a pedido do médico assistente, pediatra, pais ou educadora.
O que pode ser encontrado
Durante o rastreio são avaliadas diferentes áreas, nomeadamente:
Atenção e concentração, necessárias para que qualquer aprendizagem seja eficaz. Durante esta fase, são testadas a capacidade de concentração, persistência nas tarefas e grau de desatenção. Esta avaliação é realizada de forma informal, por observação direta pelo técnico e está relacionada com a aprendizagem de uma forma geral.
Cognição não verbal, também relacionada com a aprendizagem em geral, incluindo a avaliação da reprodução de padrões e a coordenação visual-motora ou olho-mão.
Linguagem, incluindo a linguagem expressiva (fala e vocabulário) e a linguagem recetiva (capacidade da criança em entender aquilo que lhe é dito). Esta avaliação inclui uma apreciação da riqueza do vocabulário bem como da compreensão e o completamento de frases.
Atividades de pré-leitura, incluindo a avaliação da nomeação das letras, direcionalidade da leitura e conceitos de letra, palavra, frase, título e texto. A familiaridade com as letras é fundamental para a futura aprendizagem da leitura e da escrita.
Atividades de pré-escrita, incluindo a escrita de algumas letras e do nome, a direcionalidade da escrita e a grafomotricidade. Todos estes conceitos, se presentes, irão facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita.
Atividades de pré-aritmética, incluindo o conhecimento dos números e a sua escrita. São igualmente avaliadas a contagem e a correspondência número-quantidade. Estes conceitos estão relacionados com a futura aprendizagem do cálculo aritmético.
Memória auditiva, incluindo a memória de números, de palavras ou de frases, indispensáveis para a aprendizagem da leitura, da escrita e da aritmética.
Consciência fonológica, incluindo a discriminação auditiva e a consciência da sílaba e da rima, também relacionadas com a aprendizagem da leitura e da escrita.
Com a realização deste rastreio podem ser encontradas dificuldades em uma ou mais competências, que poderão ser atenuadas ou corrigidas ainda antes da entrada no 1º ano do ciclo básico mediante a realização de atividades ou exercícios específicos a realizar em casa ou na escola. Noutros casos, as dificuldades poderão ser comunicadas à escola para que a criança seja alvo de uma atenção especial, no início do 1º ano do ensino básico, de forma a conseguir ultrapassar mais facilmente qualquer obstáculo. Nos casos mais problemáticos, pode ser ponderado o adiamento da entrada no ciclo básico. Este facto observa-se principalmente para crianças nascidas entre setembro e dezembro, que podem possuir um menor grau de maturação em relação às restantes crianças do mesmo ano letivo.

 http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/7797?showall=1



DESAMPARO | ENTREVISTA | LUÍS RICARDO DUARTE | JORNAL DE LETRAS
Desamparo – Romance
de Inês Pedrosa
Edição portuguesa: 320 páginas, Dom Quixote – disponível nas livrarias em Portugal a partir de 16 de Fevereiro de 2015
Vidas (des) amparadas
Muitos escritores, ensaístas, artistas e uma mão cheia de obras. Em fevereiro, é tempo de rumar à Póvoa de Varzim, para mais uma edição – a 16ª – das Correntes d'Escritas, este ano no renovado Cine-Teatro Garrett, no centro da cidade. Um novo palco para o programa do costume, isto é, cheio de mesas redondas, conversas, lançamentos – pretextos para se falar de literatura. O Jornal de Letras entrevista Inês Pedrosa sobre o seu novo romance, sobre qual também escreve Miguel Real.
Por gosto e por hábito profissional, Inês Pedrosa é leitora assídua de jornais. E neles encontra a matéria da sua ficção. Não se trata, contudo, de transposição direta. Apenas gosta de recortar histórias, episódios, situações, até anúncios dos tribunais, nos quais encontra decisões, hastas públicas, insolvências. Nas suas gavetas, acumulam-se papéis, que muitas vezes não chega a reler. É que, na verdade, não quer saber demasiado sobre cada caso. Só o suficiente para por a imaginação a trabalhar. E fazer descolar a ficção.
A atenção aos jornais também denuncia um programa estético: compreender e captar o seu tempo nas páginas de um romance. "O romance não é a resolução científica do universo, mas será seguramente uma boa forma de pensar o mundo em que vivemos.", dirá nesta entrevista a propósito do seu novo livro, Desamparo, que esta semana chega às livrarias, com o primeiro lançamento agendado para as Correntes d'Escritas (o segundo será a 10 de março, às 18h30, na Fnac do Chiado, em Lisboa). E um olhar sobre a crise que atravessamos, sintetizada num microcosmo - a aldeia de Arrifes, para onde convergem homens e mulheres, histórias e vidas.
Publicado pela D. Quixote, Desamparo é o sexto romance de Inês Pedrosa, que desde a sua estreia, em 1992, com A Instrução dos Amantes, tem publicado também contos, ensaios biográficos, fotobiografias, entrevistas e crónicas. Jornalista, passou por diversas publicações, incluindo o Jornal de Letras, onde começou, O Independente, Expresso, Sol, onde mantém uma crónica semanal, e Antena 1, onde tem agora um programa sobre livros, às quartas-feiras, às 23h, com Patrícia Reis e Rita Ferro, com coordenação de Ana Daniela Soares. Directora da Casa Fernando Pessoa, entre 2008 e 2014, traduziu no final do ano passado A Festa da Insignificância, o último romance de Milan Kundera, a quem dedicará a sua tese de doutoramento. E como o escritor checo, Inês Pedrosa procura espelhar o que vê à sua volta.
Jornal de Letras: Vivemos tempos de desamparo?
Inês Pedrosa: É a marca do nosso tempo, sendo, ao mesmo tempo, uma palavra curiosa. Comporta muitos significados: orfandade, solidão, abandono, desproteção. É uma daquelas palavras portuguesas difíceis de traduzir.
Foi a palavra que lhe deu o livro?
Sim. Por representar tão bem esta crise e por ser ainda, como percebi com este livro, um desafio. Esta ideia tomou completamente conta de mim a partir do momento em que reli a frase de Clarice Lispector, que surge em epígrafe: "Agora eu conheço o grande susto de estar viva, tendo como único amparo exactamente o desamparo de estar viva." E do que estava à procura.

Inês Pedrosa: "A arte só é grande quando entra nas vísceras da vida. Foi o que tentei fazer, sabendo que não é fácil, porque também nós estamos dentro da vida.
"
O susto de estar viva?
De tudo o que nos leva a reagir, neste momento de crise aguda, em que todo o sistema económico ruiu.
É dessa forma que vê a crise?
Estamos perante um fenómeno histórico tão forte como a queda do muro de Berlim. Tal como ruiu o comunismo, também me parece que este capitalismo – liberal e desregulado – se desmoronou. Só não sabemos o que fazer com os restos. Vivemos um período de transição.
O romance capta esse mundo em mudança?
Sim, da grande à pequena escala. O livro começa precisamente com a visão de conjunto e acaba num plano de pormenor, embora não defina um caminho de afunilamento. Apenas procurei que esses dois planos fossem surgindo em , contraponto. Como dizia o Albert Camus, que também cito em epígrafe – as duas epígrafes são uma espécie de programa estético – a arte só é verdadeiramente grande quando entra nas vísceras da vida. Foi o que tentei fazer, sabendo que não é fácil, porque também nos estamos dentro da vida. Valorizo muito o esforço de compreendermos o que está à nossa frente, muito mais do que o isolamento. Todas as obras de arte que têm esse conceito base são, para mim, mais estimulantes, quando comparadas com as que acham que arte é arte e vida é vida.
É uma 'observadora participante' do seu tempo?
Claro – e assumo o risco. O romance não é a resolução científica do universo, mas será seguramente uma boa forma de pensar o mundo em que vivemos. Mesmo quando se viaja para outras épocas, não podemos ficar de fora. Todos fazemos parte da incompletude que é a vida. Não me demito de refletir sobre ela e de dar o meu contributo.
Como é que esse desamparo se expressou inicialmente?
Ainda antes de encontrar o título, com a noção de que esta crise, por ser tão profunda, mostra as pessoas no osso. Antes dizia-se que a vida dos nossos filhos ia melhorar. Agora temos a certeza que isso não vai acontecer. E o ser humano, quando se sente no limite, revela-se por inteiro. A personagem que me agarrou de início foi a Jacinta. Tal como no romance anterior, baseei-me numa história de vida impressionante. Alguém que saiu de Portugal aos três anos. regres sando passado 50 anos. Durante esse tempo nunca conheceu a mãe. só quando voltou. A imagem da partida e do regresso seduziu me, tal como a procura do pai em Dentro de Ti Ver o Mar.
Nos dois casos, são mulheres resilientes.
Conseguem não ruir diante das dificuldades. For mais situações que atravessem, continuam. E esta Jacinta que criei, já muito diferente da que a inspirou, é alguém que viveu muito, conheceu muitas pessoas. Na sua porosidade. transformou -se num espelho que reflete quem a rodeia. Por isso, imaginei a a beira da morte, num limbo, entre o consciente e o inconsciente. Na sua cabeça, tudo se mistura, o que foi e o que poderia ter sido. o vivido e o desejado. É ela que nos conduz no início do romance, passando essa missão ao filho Raúl.
Tanto um como outro sofrem por terem crescido num vai e vem entre Portugal e Brasil. O desamparo também vem de não terem um chão a que possam chamar seu?
Vem de se sentirem num constante exílio, quer interior, quer exterior. São "os portugueses" no Brasil e "os brasileiros" em Portugal. Nesse jogo entre o cá e o lá do Atlântico interessou-me também o tema da imigração brasileira em Portugal, ao qual a literatura tem dado pouca atenção.
O que a interessou nesse tema?
Os estereótipos e a xenofobia camuflada, que começou com a imagem do dentista e que ainda hoje se mantém. Dizemos que o Brasil é um país irmão mas não é o que se verifica no dia-a-dia. Conheço muitos brasileiros que vieram trabalhar para cá e a má vontade em relação à diferença continua.
Ousar pensar diferente
Abre-se o mapa de Portugal e não se encontra Arrifes. É uma aldeia imaginária?
Espero que sim. Inventei muitos nomes mas quando fui confirmar já existiam. Na verdade queria um lugar que se parecesse com muitos mas que não tivesse relação com nenhum. Percebe-se que fica algures no centro de Portugal, que também é a zona que conheço melhor, e que é dominado por uma paisagem mista, com o mar ao pé. A atmosfera rural não anda longe da d'O Delfim, do José Cardoso Pires.
O facto de ter sido um território criado de raiz influenciou o desenvolvimento do romance?
Num certo sentido, sim. Fui desenhando o espaço mentalmente e tudo começou a fazer sentido. A ideia de uma aldeia próxima de uma vila e não muito afastada de uma pequena cidade. Longe dos grandes centros mas não completamente interior. Diversa como as personagens que vão aparecendo.
Há até a sugestão de uma praça central, por onde desfilam vidas.
A praça e o café central nos pequenos meios são uma espécie de revista social. Tudo se sabe, tudo se vê, mas também tudo se cala. E isso é muito interessante. É um microcosmo onde toda a vida se compacta.
Tem vários romances urbanos, este é um romance da outra face?
Muito deste romance passa pela ideia de êxodo, uma das marcas da nossa história. Mas agora é ao contrário – da cidade para o campo, do qual sabemos muito pouco. À imagem mitificada – dos montes e das férias – é preciso acrescentar outra: a da dureza. A vida no campo é dura. Mesmo a ideia da porta sempre aberta e da partilha entre vizinhança pode ser ilusória. Quem vive no campo passa por iguais ou piores dificuldades do que as pessoas da cidade. Basta ler o jornal. Malentendidos, partilhas, assassínios – no romance está tudo isso. Mas também a certeza de que nada é preto e branco – a cidade fria e o campo acolhedor ou a cidade dos inteligentes e o campo dos burros.

Inês Pedrosa – Histórias e personagens entre Portugal e Brasil
Nesta história, a sua polifonia ganha novas tonalidades.
Gosto de experimentar vozes diferentes. Em A Eternidade e o Desejo já tinha personagens a falar o português do Brasil, mas eram secundárias. Aqui são as principais. É um 'brasileiro' já tocado pelo nosso português, misturado como as suas vidas.
Apesar do mundo a ruir, o romance acaba com uma nota de esperança.
É uma questão de militância e de sobrevivência. Prefiro ser ingénua a viver desesperada. Ima crítica a um romance meu dizia que o fim era de uma excessiva candura. Talvez. Mas acho-a fundamental. Estamos cheios de pessimismo a fazer se passar por inteligência. A seriedade excessiva, que é a base das ditaduras, deita-nos abaixo. Daí o humor do livro. Nenhum país desapareceu, como uma Atlântida desaparecida, por não ter pago a sua divida. Se alegria não é definitiva, a tragedia também não será. É preciso ousar pensar diferente.
O que nos poderá amparar nestes tempos?
Ha várias personagens neste livro que, perdendo tudo, família, amigo, países e dinheiro, conseguem ainda assim redescobrir-se. Se calhar, precisamos de viver de outro modo, encontrar pessoas com quem possamos relacionarmo-nos mais profundamente, imaginar uma mulher na Presidência da República, por exemplo, como faz este livro, o que seria um sinal de que qualquer coisa estaria a mudar.
Agora sem funções institucionais, este tem sido um tempo mais para a escrita?
Era bom. Se pudesse viver só da escrita, ambicionaria escrever um romance por ano, como fez a Agustina durante décadas. Isso sim seria qualidade de vida. E não me faltam ideias. Tenho também vontade de voltar a publicar contos e crónicas, o que já não faço há algum tempo. Mas o romance, que só ganha com a experiência, tem essa coisa fantástica: ao contrário das outras artes, não requer meios técnicos, nem equipas. Só depende de nós.
Entrevista a Luís Ricardo Duarte, in Jornal de Letras (Edição de 18 de Fevereiro a 03 de Março de 2015)


Inês Pedrosa
A autora Inês Pedrosa esteve presente  na Vossa Biblioteca no dia 6 de Março para apresentação do seu novo livro "Desamparo".
Respondeu a todas as perguntas dos alunos sobre a sua vida e obra literária.








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