PRÉMIO NOBEL
Nobel da Economia de 2018 vai para os norte-americanos William Nordhaus e Paul Romer
William ("Bill") Nordhaus foi premiado pela pesquisa sobre o tema do impacto económico das alterações climáticas. Já Paul Romer concentrou-se no estudo de como a tecnologia influencia o crescimento.
O prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, mais conhecido por “Nobel da Economia”, foi atribuído nesta segunda-feira aos norte-americanos William Nordhaus e Paul Romer, anunciou a Real Academia Sueca das Ciências.
William (“Bill”) Nordhaus é um dos académicos mais respeitados na área da economia ligada ao meio-ambiente e, em particular, às alterações climáticas. Já era visto, nos últimos dias, como um dos mais prováveis vencedores, pelos modelos que criou e que calculam a interação entre a economia, o uso de energia e as alterações climáticas.
Em 1993, Nordhaus avisava que “a Humanidade está a arriscar a sua sorte na relação com o ambiente natural, através de uma multiplicidade de intervenções — injetando na atmosfera gases vestigiais como os gases com efeito-estufa ou químicos que libertam ozono, promovendo enormes alterações sobre o uso da territórios como a desflorestação, eliminando várias espécies [animais] nos seus habitats naturais ao mesmo tempo que criam espécies transgénicas em laboratório, e acumulando armas nucleares suficientes para destruir as civilizações humanas”.
Já Paul Romer, que foi economista-chefe do Banco Mundial, é sobretudo conhecido por ter formulado a teoria do crescimento endógeno, decisiva para “integrar a inovação tecnológica na análise macroeconómica de longo prazo”, afirma a Real Academia Sueca das Ciências. Em chamada telefónica audível na cerimónia de entrega dos prémios, Paul Romer também respondeu a questões ligadas às alterações climáticas e salientou que “o problema que temos hoje é que as pessoas pensam que proteger o ambiente vai ser tão difícil e tão oneroso que preferem ignorar o problema e fingir que não existe”.
Romer garantiu, na mesma conversa, que não estava à espera de receber o prémio — de tal forma que ignorou duas chamadas telefónicas ao início da manhã, que eram da academia mas que Romer achou que deviam ser “chamadas de spam“. O académico demitiu-se do Banco Mundial, no início deste ano, depois de ter dado uma entrevista ao The Wall Street Journal onde deu a entender que as inclinações políticas dos técnicos do banco estavam a ter uma influência indesejável na preparação dos rankings mundias sobre os países onde é mais fácil ter negócios.
O prémio, que foi entregue pela primeira vez há exatamente 50 anos pelo banco central sueco (que financia o prémio), não é formalmente um Prémio Nobel — como são os prémios para a ciência, a paz e a literatura (que este ano não vai ser entregue). Mas é a distinção mais prestigiante que um economista pode receber — e, além do prestígio, o vencedor ganha um diploma, uma medalha de ouro e um cheque no valor de nove milhões de coroas suecas (cerca de 850 mil euros, a dividir pelos premiados nos casos em que o prémio é partilhado).
No ano passado, o premiado foi Richard Thaler, cujos estudos ajudam a perceber como o comportamento humano muitas vezes se desvia dos modelos teóricos.