quinta-feira, 2 de novembro de 2017

in: https://www.publico.pt/2017/10/31/ciencia/noticia/sem-educacao-os-homens-vao-matarse-uns-aos-outros-diz-antonio-damasio-1791034?page=/&pos=12&b=stories_b

Sem educação, os homens “vão matar-se uns aos outros”, diz António Damásio
Neurocientista lança novo livro em Portugal.
LUSA 
31 de Outubro de 2017, 21:55
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O neurocientista António Damásio
O neurocientista António Damásio RUI GAUDÊNCIO
O neurocientista António Damásio advertiu que “se não houver educação maciça, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”. O neurocientista português falava no lançamento do seu novo livro A Estranha Ordem das Coisas, que decorreu esta terça-feira em Lisboa, na Escola Secundária António Damásio, e defendeu perante um auditório cheio que é preciso educarmo-nos para contrariar os nossos instintos mais básicos, que nos impelem a pensar primeiro na nossa sobrevivência.
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“O que eu quero é proteger-me a mim, aos meus e à minha família. E os outros que se tramem. [...] É preciso suplantar uma biologia muito forte”, disse o neurocientista, associando este comportamento a situações como as que têm levado a um discurso anti-imigração e à ascensão de partidos neonazis de nacionalismo xenófobo, como os casos recentes da Alemanha e da Áustria. Para António Damásio, a forma de combater estes fenómenos “é educar maciçamente as pessoas para que aceitem os outros”.
A Escola Secundária António Damásio foi o sítio escolhido pelo neurocientista português para lançar em Portugal a sua nova obra, que volta a falar da importância dos sentimentos, como a dor, o sofrimento ou o prazer antecipado.
“Este livro é uma continuação de O Erro de Descartes, 22 anos mais tarde. Em ‘O Erro de Descartes’ havia uma série de direcções que apontavam para este novo livro, mas não tinha dados para o suportar”, explicou António Damásio, referindo-se ao famoso livro que, nos finais da década de 90, veio demonstrar como a ausência de emoções pode prejudicar a racionalidade.
O autor referiu que aquilo que fomos sentindo ao longo de séculos fez de nós o que somos hoje, ou seja, os sentimentos definiram a nossa cultura. António Damásio disse que o que distingue os seres humanos dos restantes animais é a cultura: “Depois da linguagem verbal, há qualquer coisa muito maior que é a grande epopeia cultural que estamos a construir há cem mil anos.”
O neurocientista acredita que o sentimento – que trata como “o elefante que está no meio da sala e de quem ninguém fala” – tem um papel único no aparecimento das culturas. “Os grande motivadores das culturas actuais foram as condições que levaram à dor e ao sofrimento, que levaram as pessoas a ter que fazer alguma coisa que cancelasse a dor e o sofrimento”, acrescentou António Damásio.
“Os sentimentos, aquilo que sentimos, são o resultado de ver uma pessoa que se ama, ou ouvir uma peça musical ou ter um magnífico repasto num restaurante. Todas essas coisas nos provocam emoções e sentimentos. Essa vida emocional e sentimental que temos como pano de fundo da nossa vida são as provocadoras da nossa cultura.”
No novo livro o autor desce ao nível da célula para explicar que até os microrganismos mais básicos se organizam para sobreviverem. Perante uma plateia com centenas de alunos, o investigador lembrou que as bactérias não têm sistema nervoso nem mente mas “sabem que uma outra bactéria é prima, irmã ou que não faz parte da família”.
Perante uma ameaça, como um antibiótico, “as bactérias têm de trabalhar solidariamente”, explicou, acrescentando que, se a maioria das bactérias trabalha em prol do mesmo fim, também há bactérias que não trabalham. “Quando as bactérias (trabalhadoras) se apercebem que há bactérias vira-casaca, viram-lhes as costas”, concluiu o neurocientista, sublinhando que estas reacções são ao nível de algo que possui “uma só célula, não tem mente e não tem uma intenção”, ou seja, “nada disto tem a ver com consciência”.
E é perante esta evidência que o investigador conclui que “há uma colecção de comportamentos – de conflito ou de cooperação – que é a base fundamental e estrutural de vida”.
Durante o lançamento do livro, o investigador usou o exemplo da Catalunha para criticar quem defende que o problema é uma abordagem emocional e não racional: “O problema é ter mais emoções negativas do que positivas, não é ter emoções.”



CONCURSO INTERNO

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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Formação de utilizadores
A turma do 9º B acompanhados pela docente Rute Martins







terça-feira, 17 de outubro de 2017




Oficina “Ler (con)vida” por Jacinta Maciel
Dia 25 – sábado - 10h00 às 13h00 e 14h00 às 17h00
Ler (con)vida é uma ação, de cariz eminentemente prático, que tem como objetivo incentivar os mediadores de leitura a utilizar as palavras para transportar as crianças e os jovens para a leitura. Nesta ação são apresentados diversos textos, e técnicas, adaptados às crianças e jovens, tendo em conta a faixa etária, as origens, as nacionalidades, as vivências, as desigualdades sociais, as especificidades de cada família: na doença, na morte de um familiar, na separação e, também, na festa e na alegria. Um objetivo basilar é a aquisição de hábitos de leitura consistentes e regulares.
Destinatários: Público adulto (maiores de 18 anos)
Inscrição Prévia – Vagas Limitadas
Confere-se diploma de participação
Inscrições: biblioteca@cm-loule.pt

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

terça-feira, 10 de outubro de 2017

in:  https://www.publico.pt/autor/sergio-anibal

O economista que “tornou a ciência económica mais humana”
O prémio Nobel de 2017 foi para um norte-americano que tem vindo a mostrar que apenas em modelos os agentes económicos são totalmente racionais.
Sérgio Aníbal
10 de Outubro de 2017, 0:00

Richard Thaler é visto com dos pais da economia comportamental
Richard Thaler é visto com dos pais da economia comportamental 
REUTERS/KAMIL KRZACZYNSKI
Richard Thaler, acabado de saber que o prémio Nobel da Economia de 2017 era seu, explicou de forma sucinta aos jornalistas o que é que o seu trabalho das últimas três décadas tinha trazido de diferente para o estudo da economia: “foi o reconhecimento de que os agentes económicos são humanos e que os modelos económicos têm de incorporar isso”.
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A primeira ideia, a de que “os agentes económicos são humanos”, parece ser uma ideia básica e óbvia, algo que está à vista de toda a gente e que não seria suficiente para ganhar grandes prémios. Mas a verdade é que, na ciência económica clássica, os modelos utilizados para fazer previsões sobre como a economia se irá comportar assumem, por questões práticas e de simplificação, que ao tomarem as suas decisões os agentes económicos agem sempre para maximizar seu interesse próprio e são calculistas e totalmente racionais. Isto é, muito pouco humanos.
Foi na tentativa de contrariar esta escassez do factor humano nos modelos, responsável por tantas falhas de previsões, que se desenvolveu a chamada economia comportamental. Ao contrário da economia clássica, este campo de estudo assume que algumas decisões – sejam de uma pessoa individualmente ou de uma empresa ou do Estado - pouco ou nada têm de racional. E que, por isso, é importante que se consiga, com recurso a outras ciências como a psicologia, encontrar explicações para a falta de racionalidade, para que se possa eventualmente passar a antecipar melhor como se comportam realmente as economias.
Richard Thaler, um economista norte-americano de 72 anos de idade, há muito que é visto como um dos pais fundadores da economia comportamental e, esta segunda-feira, a Academia Real Sueca das Ciências decidiu premiá-lo por isso, atribuindo-lhe o Prémio do Banco da Suécia para as Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, mais conhecido como Prémio Nobel da Economia.
Desde os anos 80 do século passado que Thaler, actualmente professor na Universidade de Chicago, começou a mostrar como as decisões económicas, tanto vistas individualmente como a um nível mais macro, são tomadas muitas vezes relegando a racionalidade para um segundo plano e dando prioridade a emoções e sentimentos vários. Através de exemplos e de dados concretos, tornou claro que as pessoas pura e simplesmente não se comportam da forma como a teoria económica poderia fazer supor.
As pessoas dão valor a questões como a justiça. E estão dispostas a ser elas próprias penalizadas se se depararem com alguma coisa que consideram injustas. Se um vendedor de chapéus-de-chuva tentar aproveitar-se do facto de estar a chover torrencialmente para vender cada chapéu ao dobro ou ao triplo do preço, pode deparar-se com compradores que, numa análise racional poderiam considerar o preço justo, mas que, respondendo ao sentimento de injustiça, o forçam a redefinir os preços.
As pessoas têm problemas em controlar-se a elas próprias. E sentem necessidade de, logo à partida, comprometerem-se com um determinado tipo de comportamento, mesmo que ele venha a revelar-se, a certa altura, como pouco racional.
As pessoas têm estados de espírito diferentes em diferentes fases das suas vidas. E tomam decisões de acordo com aquelas que são as suas prioridades no momento. Algumas vezes mais a pensar no futuro, outras mais a pensar no presente.
As pessoas têm medo de se arrepender. E por isso, algumas vezes, mesmo que haja um caminho que seja mais lógico do que outro, preferem não tomar qualquer decisão, para não correrem o risco de errar.
As pessoas são dadas a euforias. Quando as coisas começam a correr bem, pode existir a tendência para pensar que tudo vai correr sempre bem. Richard Thaler foi chamado a mostrar isso numa breve aparição no filme “A Queda de Wall Street” (“The Big Short” no título original), em que surge ao lado de Selena Gomez, a explicar como é que um investidor, um apostador ou mesmo um jogador de basket tendem a acreditar, quando são bem sucedidos nas suas primeiras tentativas (investimento, aposta ou lançamento ao cesto), que tudo vai continuar a ser igual no futuro, persistindo em novas tentativas para além do que seria racional e conduzindo em alguns casos a perdas de grande dimensão.
Como as pessoas são tudo isto - ao mesmo tempo que tentam também ser racionais - desenhar modelos económicos que sejam certeiros e exequíveis torna-se uma tarefa extremamente difícil. Talvez por isso, Richard Thaler dedicou-se nos últimos anos a estudar de que forma é que é possível dar incentivos às pessoas para que estas se comportarem de determinada maneira. É aquilo a que chamou, num livro escrito em conjunto com Cass Sunstein em 2008, a “teoria Nudge”, uma espécie de pequeno empurrão que pode ser dado aos agentes económicos quando se pretende, por exemplo, reduzir o consumo de um determinado bem ou aumentar o nível da poupança.
Esta segunda-feira, em Estocolmo, os responsáveis da Academia Real Sueca das Ciências não pouparam na hora de medir o impacto do contributo de Richard Thaler: disseram que permitiu uma maior “compreensão da psicologia da economia”, que ajudou a economia comportamental a "passar da margem para o centro" da ciência económica e, principalmente, que “tornou a ciência económica mais humana”.
Richard Thaler, por seu lado, agora que faz parte da elite de economistas que receberam um Nobel, prometeu também ele continuar humano. Quando questionado sobre o que pretendia fazer ao prémio de nove milhões de coroas suecas que tinha acabado de receber, disse que iria tentar gastá-lo “o mais irracionalmente possível”. 


in: https://appseducacao.rbe.mec.pt/


Berta Isla - Javier Marías

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