MENSAGEM
Passados 40 anos depois da madrugada que deu origem a “o dia inicial inteiro e
limpo/onde emergimos da noite e do silêncio/e livres habitamos a substância do
tempo” qual o tempo que hoje nos é dado?
Cada dia que passa, assistimos à destruição do positivo que foi construído, em
resultado da acção libertadora de há 40 anos!
O país está vendido, em grande parte e a pataco, ao estrangeiro!
A emigração de muitos portugueses consuma-se, levando consigo muito do saber e
da capacidade indispensáveis à desejada recuperação de Portugal!
Os roubos permanentes a que os portugueses são sujeitos, da parte dos que deviam
protegê-los e prover pelo seu bem-estar estão a destruir a esperança no futuro!
A ausência de uma justiça igual para todos provoca o descrédito do que deveria ser
um Estado de Direito!
Os detentores do poder assumem-se, cada vez mais, como herdeiros dos vencidos
em 25 de Abril de 1974!
As desigualdades, consumadas no aumento do enriquecimento dos que já têm tudo e
no cada vez maior empobrecimento dos mais desfavorecidos, transforma a nossa
sociedade num barril de pólvora que apenas será sustentável numa nova ditadura
opressiva, com o desaparecimento das mais elementares liberdades.
O medo, pelo futuro, cada vez mais, propaga-se em variados sectores da sociedade!
Como há já alguns anos, manifestamos a nossa indignação face aos acontecimentos
que se estão vivendo em Portugal e configuram, sem a menor dúvida, um enorme e
muito grave descrédito dos representantes políticos, um logro à confiança dos
cidadãos e um desprestígio para o nosso País.
A Democracia baseia-se num pacto social, onde os cidadãos elegem os que
consideram os mais indicados para gerir os assuntos públicos e para os representar
durante um período de tempo previamente acordado.
A Democracia não é, nem pode ser jamais, a concessão a uns quantos de uma
patente de pilhagem para se enriquecerem durante quatro anos ou mais!
A Democracia tem o seu fundamento na confiança que os representados têm nos
seus representantes e na lealdade destes perante quem os elegeu.
Quando essa confiança é traída e essa lealdade desaparece, o prestígio e a
legitimidade moral da classe política desmoronam-se e o cimento da Democracia
apodrece.
Tudo isto tem-se agravado, cada ano que passa.
Porque continuamos a considerar que a antecâmara do totalitarismo surge quando
num Estado de Direito a classe política perde o seu prestígio, porque se transforma
numa espécie de casta que deixa de servir os interesses de todos para servir apenas
os seus próprios interesses.
E, porque queremos lutar pela manutenção da Democracia, que apenas será viável
pela reafirmação dos valores de Abril, proclamamos a imperiosa necessidade de:
Assunção de um compromisso nacional na defesa e manutenção do Estado Social
que legitimamente satisfaça as necessidades básicas, erradique a pobreza “vergonha
de nós todos”, e abra um caminho de esperança e de luz para o sector mais
desprotegido da sociedade portuguesa que lhe possibilite o acesso à formação,
educação e emprego.
Assunção de um compromisso nacional para a promoção de um duradouro programa
de educação e investigação científica, para qualificação dos jovens nas áreas
fundamentais da globalização.
Assunção de um compromisso nacional para a promoção de um programa duradouro
do sistema judicial, de forma a tornar a justiça mais célere e mais próxima dos
cidadãos, sem descriminação entre pobres e ricos.
Assunção de um compromisso nacional duradouro de um programa de emprego
agregador e integrador dos vários saberes e competências acumuladas, que incentive
o regresso de milhares de “cérebros” forçados à emigração, que incorpore jovens
licenciados, agregue adequados programas de formação para jovens que
abandonaram os estudos, e para trabalhadores activos que necessitem actualizar e
melhorar saberes e competências.
Assunção de um compromisso nacional e duradouro de um programa de
desenvolvimento económico sustentável à adopção dos objectivos enunciados para a
manutenção do Estado Social e dos programas de educação, justiça e emprego.
O governo e a cobertura que lhe é dada pelo Presidente da República protagonizam
os fautores do “estado a que isto chegou” razão pela qual não serão eles a quem
possa continuar a confiar-se os destinos de Portugal.
Torna-se, por isso, urgente uma ampla mobilização nacional para sermos capazes de
aproveitando as armas da Democracia mostrar aos responsáveis pelo “estado a que
isto chegou” um cartão vermelho, que os expulse de campo!
Temos de ser capazes de expulsar os “vendilhões do templo”!
Os desmandos e a tragédia da actual governação não podem continuar!
Igualmente, temos de ser capazes de retornar às Presidências de boa memória de
Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio!
O 25 de Abril foi libertação e festa, passou por participação e desenvolvimento, mas
passou também por retrocesso e desilusão, fruto da corrupção e esbanjamento.
Hoje sofre revanchismo, roubo e destruição.
Que se consubstancia em despudorados ataques à saúde pública, à educação, à
segurança social, ao direito ao trabalho, ao direito a uma velhice sossegada, e aponta
para o fim das liberdades, da soberania e da democracia.
Temos de ser capazes de ultrapassar os sectarismos, temos de ter a capacidade de,
contrariamente ao que normalmente acontece, e reconhecer o inimigo comum, mesmo
antes de sermos totalmente derrotados.
Vencendo o conformismo, temos de ser capazes de resistir de novo, reconquistar as
utopias, arriscar a rebeldia e renovar a esperança!
Recolocados os valores da madrugada libertadora, nessa altura, vencido o medo,
poderemos então retomar a esperança de continuar a construir Abril!
Viva Portugal!
Viva o 25 de Abril!
25 de Abril de Abril de 2014